O italiano Giuseppi Martinelli emigrou para o Brasil em 1888 com 18 anos de idade. Nas décadas seguintes, ele construiu uma das maiores fortunas do Brasil. Uma de suas marcas foi o Edifício Martinelli, o primeiro arranha-céu de São Paulo.
Nascido em 23 de julho de 1870, em Luca, na Itália, era pedreiro, seguindo longa tradição familiar, apesar de ter estudado na escola de belas-artes. No Brasil, trabalhou em um açougue e como mascate. Sua ascensão começou ao ser convidado pela firma Fratelli Fiaccadori – dos irmãos Puglisi-Carbone e Francesco Matarazzo – para abrir um escritório de despacho em Santos, uma cidade então muito insalubre, mas em cujo porto o movimento aumentava dia a dia. Logo abriu sua própria firma, a Fratelli Martinelli, com o irmão e outros dois sócios brasileiros.
Ascensão dos negócios
Em 1906, a Fratelli Martinelli já incluía em seus negócios uma casa bancária em Santos e São Paulo e representava firmas exportadoras italianas, especialmente na área de bebidas. Também conseguiu uma representação da companhia de navegação Lloyd Italiano e começou a exportar café para a Itália. Em 1911, com a Sociedade Anônima Martinelli, sediada na capital federal, intensificou as exportações e passou a atuar nos principais portos da Europa.
Durante a Primeira Guerra Mundial, teve outro salto de prosperidade ao iniciar uma companhia de navegação própria com navios antigos e enfrentar a travessia oceânica levando mantimentos aos países em meio ao conflito. De 1915 para 1922, expandiu a frota de três para 22 navios, batizando-a de Lóide Nacional. Em 1918, fez um acordo com o governo italiano de contratos de exportação para a península e abriu a Compagnia Commerciale Martinelli.
Antes do início da construção do famoso edifício Martinelli, em São Paulo, em 1924, ainda comprou minas carboníferas em Butiá-RS e estaleiros para produção de seus navios, que, mais tarde, o permitiram reerguer-se após falir e vender o prédio com a crise de 1929.
O prédio
Inspirado nas torres da Toscana, o empreendimento imobiliário de Martinelli em São Paulo tinha como proposta reunir sedes de empresas e suas operações principais, oferecer diversão e lojas de consumo de luxo à população e hospedar estrangeiros. Para isto, adquiriu-se o terreno do centenário Café Brandão. O projeto do arranha-céu contou com diversas versões. O desenho técnico e a própria construção civil contou com a participação de Martinelli, que além disso o vigiava dia e noite a partir do hotel em frente. A decoração exótica e o estilo eclético e detalhista lhe renderam a alcunha popular de bolo de noiva.
Depois de pronto, Martinelli mudou-se para a soberba cobertura do edifício. Mas após a quebra de 1929, viu-se obrigado a entregar o prédio a seus credores italianos. Em 1930, o italiano se reergueu favorecido por novos movimentos políticos, pela retomada da navegação e pela entrada no ramo de seguros, mas jamais conseguiu recomprar seu prédio.
Martinelli mudou-se para o Rio de Janeiro, onde construiu outros edifícios. Ele morreu no dia 27 de novembro de 1946.