Fóssil de girino mais antigo do mundo é encontrado por acidente na Argentina
Cientistas argentinos anunciaram a descoberta de um extraordinário fóssil de girino de 161 milhões de anos, o mais antigo do mundo. A descoberta aconteceu por acidente na região da Patagônia enquanto os pesquisadores procuravam por fósseis de dinossauros. Os restos fossilizados apresentam um estado impressionante de conservação, revelando detalhes únicos da história evolutiva dos anuros, o grupo que inclui tanto rãs quanto sapos.
Notobatrachus degiustoi
O fóssil encontrado, da espécie Notobatrachus degiustoi, com cerca de 15 centímetros de comprimento, preserva parte do esqueleto e órgãos moles, como olhos, nervos cranianos e esqueleto branquial cartilaginoso, algo raro de ser encontrado. Este fóssil de girino é único no mundo, pois constitui a primeira evidência de que esses anfíbios já apresentavam um desenvolvimento semelhante aos seus parentes atuais.
Una pista clave para entender la evolución de las ranas: descubren fósil de un renacuajo de 165 millones de años en #SantaCruz. El trabajo, integrado por grupos de paleontología de Argentina y China, salió publicado en @Nature: https://t.co/J0bdNybmgE 🔍🔙🐸🇦🇷🇨🇳 pic.twitter.com/hxiKBDPYAq
— Agencia CTyS-UNLaM (@agencia_ctys) October 30, 2024
"Existem alguns pesquisadores que afirmam que, provavelmente, as rãs mais antigas não tinham uma fase de girino", disse Mariana Chuliver, bióloga evolutiva da Universidade Maimônides em Buenos Aires e líder do estudo, em entrevista ao site Live Science. Mas, segundo a pesquisadora, a descoberta do novo fóssil demonstra que isso não é verdade. A hipótese anterior havia sido levantada porque o fóssil de rã mais antigo registrado data do final do Triássico (cerca de 217 milhões de anos atrás), dezenas de milhões de anos antes dos fósseis de girinos mais antigos conhecidos até então.
“O fóssil não é apenas o girino mais antigo, mas também revela informações sobre seu modo de vida. Era um girino filtrador que vivia em uma poça pequena, que secava no inverno e tinha água no verão, e convivia com os dinossauros que passavam ao redor", concluiu Agustín Scanferla, paleontólogo e pesquisador do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas da Argentina (Conicet).