Bandido bom é bandido morto? Conheça os números por trás desse pensamento
Entenda porque tratar violência com mais violência não leva a lugar algum.
Episódios recentes de assassinatos (muitos praticados por policiais), linchamento público e exposição de suspeitos à agressão pública, apontam que o Brasil pode estar vivendo uma crise de Direitos Humanos. Neste contexto, a máxima de “bandido bom é bandido morto” tem se tornado uma constante cada vez mais comum entre os brasileiros – de fato, metade da população do país concorda com esse pensamento, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
#HISTORYNOW: Conheça a história da Tia Dag, que educa jovens marginalizados em São Paulo
O problema é que num país onde o número de mortes é superior ao de muitos países em guerra – são quase 60 mil homicídios por ano, de acordo com um estudo realizado pelo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) - assumir o papel de justiceiro ou tratar violência com mais violência não ajuda em nada e pode transformar pessoas inocentes em criminosas.
Segundo o Atlas da Violência de 2016, as maiores vítimas da violência no Brasil são, hoje, os homens jovens, pobres e com pouca escolaridade.
O negro tem 147% mais probabilidade de ser assassinado que um branco, amarelo ou indígena.
As estatísticas também relacionam violência e escolaridade. Quem tem menos de oito anos de estudos tem 15 vezes mais chances de morrer que os que fizeram algum curso superior. Ou seja: a educação é praticamente um escudo contra homicídios no país.
Resistência
Em 1996, a pedagoga Dagmar Garroux teve o pai assassinado a tiros por dois jovens dentro de sua própria casa, em São Paulo. Tia Dag, como é conhecida, coordena um espaço de acolhimento e educação de jovens marginalizados na capital, a Casa do Zezinho.
Desanimada, Dagmar chegou a pensar em desistir da empreitada. Até que recebeu a ligação de dois de seus alunos propondo encontrar e matar os assassinos do seu pai. Consternada, percebeu ali que tratar violência com mais violência só levaria a mais violência. Foi quando a pedagoga resolveu arregaçar as mangas e voltar ao trabalho com tudo. “Vingança e justiça são coisas diferentes”, afirmou.
FONTE: Atlas da Violência 2016 e Revista Galileu
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