Conheça o Coelho Grande Vermelho, alcunha do franco-atirador que matou 242 alemães na Segunda Guerra
A frase impactante que intitula esta matéria pertence ao livro de memórias recentemente publicado de Vassili Záitsev, um franco-atirador soviético da Segunda Guerra Mundial. Foi nesse período, com o avanço das tecnologias bélicas, que as batalhas tornaram-se mais distantes, e, assim, a pontaria tornou-se um fator-chave, dando origem aos franco-atiradores de ofício. Tão temido quanto respeitado, Záitsev é considerado um dos ícones mais bem-sucedidos na sua atividade, ganhando a alcunha de "O Grande Coelho Vermelho".
Seu currículo conta com 242 baixas no exército alemão, incluindo 11 franco-atiradores inimigos. Porém, as memórias desse personagem singular começam bem antes, remontando à sua infância. Seu avô pertencia a uma larga estirpe de caçadores dos Urais e deu-lhe de presente a sua primeira escopeta. Ao sair para caçar, camuflava-se com óleo de texugo para que os animais não sentissem o seu cheiro. Caçando lobos, aprendeu a rastrear e perseguir. “Mais tarde, isso serviria para combater outros predadores bípedes que tentavam invadir o nosso país”, segundo suas próprias palavras.
Em 1937, foi convocado e ingressou como marinheiro na frota do Pacífico. Buscando mais ação, pediu para fazer parte de uma companhia de fuzileiros e foi enviado para Stalingrado, onde chegou como suboficial em 21 de setembro de 1942. "Foi como aterrissar no inferno", revelou. Em seu primeiro combate, perdeu suas baionetas e pistolas, e matou o seu primeiro alemão por estrangulamento. Pouco tempo depois, iniciou a chamada "guerra de ratos" nos sótãos e esgotos da cidade em ruínas. Ao vê-lo abater três inimigos armados com metralhadoras apenas com seu rifle comum, um coronel o converteu em franco-atirador. "Eu gostava de ser um franco-atirador e ter a liberdade de escolher a minha presa.
A cada disparo, era como se eu pudesse ouvir a bala atravessando o crânio do inimigo". Em seguida, ele faz uma descrição poderosa e arrepiante da atividade de um franco-atirador: "Se ele estiver com a barba feita, é possível ver a expressão de seu rosto, cantarolando. E enquanto ele tenta avançar, ou inclina a cabeça para arrumar o capacete, eu busco o melhor ponto para que a bala faça o maior estrago possível. Ele não tem a menor ideia de que lhe restam apenas alguns segundos de vida". Isso define basicamente a carreira inteira de Vassili Záitsev, um dos mais eficazes franco-atiradores da Segunda Guerra Mundial, e, provavelmente, o mais famoso, devido ao filme "Círculo de Fogo", de Jean Jacques Annaud, que recria ficcionalmente sua participação no conflito bélico.
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