Os adolescentes que se rebelaram contra Hitler e viraram heróis
Tudo começou como uma reação adolescente à Juventude Hitlerista, instituição criada com o objetivo de introduzir os valores nazistas, visando principalmente ao recrutamento de jovens.
[VEJA TAMBÉM: Gênio que decifrar código da Segunda Guerra ganha 40 mil euros]
A organização chegou a ser juvenil do mundo, ao incluir 90% da juventude alemã. É claro que esse número era uma ameaça sistemática às famílias dos adolescentes que se negavam a participar e um modo de proibir qualquer outro tipo de organização juvenil.
À medida que a Juventude Hitlerista aumentava o nível de instrução militar e restringia a liberdade de seus integrantes, muitos dos jovens começaram a abandonar a organização, mesmo que isso pudesse significar uma punição severa. E foram esses adolescentes descontentes que formaram os primeiros grupos rebeldes nas grandes cidades da Alemanha: em pouco tempo, 5 mil jovens estavam reunidos em grupos com diferentes nomes, mas que faziam parte de uma grande organização chamada de Os Piratas de Edelweiss. Eles usavam roupas coloridas e se juntavam para tocar músicas proibidas. Reuniam-se à noite em espaços públicos e simplesmente passeavam, a pé ou de bicicleta. E isso já era suficiente para que o regime nazista os considerasse criminosos.
Com o decorrer da Segunda Guerra Mundial, as atividades dos Piratas ficaram mais radicais, humanitárias e perigosas: eles ajudavam desertores do exército, refugiados de campos de concentração, sabotavam depósitos militares, colocavam água com açúcar nos tanques dos veículos nazistas, pichavam nas paredes frases contra o nazismo, descarrilavam vagões de trens repletos de munição e abasteciam com explosivos os grupos de resistência. Também distribuíam panfletos de propaganda que incentivavam os soldados a desertar e voltar para as suas famílias. E é claro que tudo isso tinha consequências graves: quando um Pirata era capturado, no mínimo era espancado e tinha a cabeça raspada. Alguns eram presos, outros enviados a reformatórios, hospitais psiquiátricos ou campos de concentração. Alguns, inclusive, foram assassinados.
Em 1988, os Piratas de Edelweiss foram reconhecidos como “Justos entre as Nações” por Yad Vashem, em Jerusalém. Em 2005, a denominação criminosa dada pela Gestapo foi revogada e eles foram declarados “lutadores da resistência” e heróis. Desse modo, foi prestada uma homenagem justa àqueles que resistiram e lutaram pela liberdade em uma época de crueldade extrema.
Fonte e imagem: mental_floss