Bispos alemães admitem que a Igreja Católica foi "cúmplice" de crimes nazistas
A Conferência dos Bispos Católicos da Alemanha divulgou um documento admitindo que a Igreja foi "cúmplice" dos crimes nazistas. De acordo com o relatório de 23 páginas elaborado pelos religiosos, a instituição não fez o suficiente para se opor à ascensão do nazismo e até mesmo cooperou com o regime de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.
Apesar de o Vaticano ter condenado as leis raciais de Hitler em 1937, a Conferência dos Bispos considera que igreja fez vista grossa para os nazistas. Além disso, segundo o documento, a Igreja Católica cooperou com o regime alemão durante a guerra ao converter milhares de igrejas e propriedades da instituição em hospitais militares. O relatório aponta ainda que freiras foram enviadas para trabalhar como enfermeiras no exército alemão.
"Como os bispos não se opuseram à guerra com um sonoro ‘não’ (...) eles se tornaram cúmplices", diz o documento. "Os bispos podem não ter compartilhado a justificativa dos nazistas para a guerra com base na ideologia racial, mas suas palavras deram auxílio aos soldados e ao regime", afirmam ainda os autores do relatório.
Membros da Conferência dos Bispos da Alemanha afirmaram que julgar seus antecessores não foi uma tarefa fácil. "Mas quem vem depois deve enfrentar a história para aprender com ela", disse em entrevista ao Sunday Times o reverendo Georg Batzing, presidente da organização.
Recentemente, a Igreja Católica começou a abrir os arquivos secretos do papa Pio XII, acusado por críticos de ter sido conivente com o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Ao anunciar a iniciativa, o papa Francisco disse que "a Igreja não tem medo de segredos".
Fontes: New York Post e Sunday Times
Imagem: German Federal Archives, via Wikimedia Commons