Em 26 de agosto de 1957, a União Soviética anunciou que havia realizado um teste, com sucesso, de um míssil balístico intercontinental que era capaz de atingir "qualquer local do mundo". O anúncio causou enorme preocupação nos Estados Unidos e deu início a um debate nacional sobre a "lacuna de mísseis" entre EUA e Rússia.
Por anos após a Segunda Guerra Mundial, tanto EUA quando URSS tentaram aperfeiçoar a tecnologia de mísseis de longa distância, capazes de carregar ogivas nucleares. Com base no sucesso da Alemanha nazista no desenvolvimento dos foguetes V-1 e V-2, que atacaram a Grã-Bretanha durante os últimos meses da Segunda Guerra Mundial, cientistas dos EUA e Rússia travaram uma disputa para melhorar o alcance e a precisão destes mísseis.
Em julho de 1957, os EUA pareciam ter vencido esta corrida quando o Altas, um míssil que poderia atingir a velocidade de 32.180 km/h e percorrer uma distância de 8.046 quilômetros, estava pronto para testes. O teste, contudo, foi um desastre. O míssil subiu, aproximadamente, 1.524 metros no ar, caiu e mergulhou na terra.
Apenas um mês depois, os soviéticos alegaram seu sucesso em empreitada semelhante, anunciando que o seu míssil intercontinental tinha sido testado e havia "percorrido uma grande distância em um curto período de tempo" e "tinha atingido o alvo planejado". Não foram divulgados os detalhes do experimento pela Rússia, e alguns analistas nos Estados Unidos duvidaram que o teste do míssil soviético havia obtido realmente o sucesso alegado. Contudo, as informações de que os soviéticos teriam em mãos essa "arma definitiva" associada aos testes bem-sucedidos das bombas atômica e de hidrogênio pelos russos aumentaram ainda mais as preocupações dos norte-americanos. Se o soviéticos realmente possuíam um míssil intercontinental eficiente, nenhum local nos EUA estaria completamente a salvo de um possível ataque nuclear.
Menos de dois meses depois, a URSS enviou o satélite Sputnik no espaço. As preocupações rapidamente se transformaram em medo nos EUA, já que isso mostrava aparentemente que os russos estavam vencendo as corridas espacial e armamentista. O governo norte-americano acelerou tanto o programa de mísseis quanto o espacial.
O sucesso dos soviéticos - e o fracasso norte-americano - acabou como uma questão central na campanha presidencial de 1960. O candidato democrata John F. Kennedy acusou a administração do governo de Eisenhower de ter permitido que uma perigosa "lacuna de mísseis" fosse criada entre EUA e URSS. Após a sua vitória em 1960, Kennedy priorizou no seu governo o desenvolvimento espacial e o de mísseis.
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