O cartunista Ziraldo Alves Pinto morreu em 6 de abril de 2024, aos 91 anos. Segundo a família, ele faleceu dormindo em casa, no Rio de Janeiro. Um dos artistas gráficos mais talentosos de todos os tempos, o desenhista se consagrou definitivamente entre o grande público ao publicar o livro infantil O Menino Maluquinho, cujo personagem-título é popular até hoje.
Imprensa, HQs e literatura infantil
Ziraldo passou toda a infância em Caratinga (MG), cidade onde nasceu. Mais velho de uma família com sete irmãos, ele teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”. Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
O artista iniciou sua carreira como cartunista profissional em meados dos anos 1950, contribuindo com desenhos e charges para diversos jornais e revistas, incluindo O Cruzeiro e Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo). Seus personagens (entre eles Jeremias, o Bom; a Supermãe e o Mirinho) conquistaram os leitores.
Em 1960, Ziraldo lançou a primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor, Turma do Pererê, que também foi a primeira HQ a cores totalmente produzida no país. Embora tenha alcançado uma das maiores tiragens da época, Turma do Pererê foi cancelada em 1964, logo após o início da ditadura militar.
Em 1969, Ziraldo foi um dos fundadores do periódico O Pasquim, lendário tabloide de oposição à ditadura. De uma tiragem inicial de 20 mil exemplares, que a princípio parecia exagerada, o semanário atingiu a marca de mais de 200 mil em seu auge, em meados dos anos 1970, se tornando um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro. Paralelamente, o cartunista começou a se aventurar na literatura infantil, estreando com o livro FLICTS (1969).
Publicado em 1980, O Menino Maluquinho se tornou um dos seus maiores sucessos na literatura infantil brasileira. O livro que apresentou o personagem conta a história de um garoto travesso e cheio de imaginação, que conquistou o coração de crianças e adultos por sua personalidade única e suas aventuras divertidas. A obra foi adaptada para o cinema e para a televisão, ampliando ainda mais sua popularidade.
Além de sua vasta contribuição para a literatura infantil e o humor gráfico, Ziraldo também foi um ativista político e cultural importante no Brasil. Ele participou ativamente do movimento pela democratização do país durante a ditadura militar, usando seu talento artístico e sua voz para defender os direitos humanos e a liberdade de expressão.
Ao longo de sua carreira, Ziraldo recebeu inúmeros prêmios e homenagens, incluindo o Prêmio Jabuti, um dos mais prestigiados prêmios literários do Brasil.