Ruth de Souza, a primeira brasileira a ser indicada a um prêmio internacional de Melhor Atriz, morreu em 28 de julho de 2019, aos 98 anos. Ela estava internada com pneumonia em um hospital do Rio de Janeiro. A artista também fez parte do primeiro grupo teatral formado por atores negros a se apresentar no Theatro Municipal do Rio.
A atriz nasceu no Rio de Janeiro, no bairro do Engenho de Dentro, mas até os 9 anos de idade viveu em uma fazenda em Minas Gerais. Com a morte do pai, um lavrador, ela e a mãe, que trabalhava como lavadeira, voltaram a morar no Rio. O interesse pelo teatro levou Ruth a se juntar ao Teatro Experimental do Negro, em 1945. No mesmo ano, encenou com o grupo a peça “O Imperador Jones”, de Eugene O'Neill, no Theatro Municipal, momento marcante da história teatral brasileira.
A atriz estreou no cinema em 1948, no filme “Terra Violenta”, baseado no romance Terras do Sem-Fim, de Jorge Amado. Em 1953, conquistou reconhecimento por sua participação em “Sinhá Moça”, que impulsionou sua carreira de atriz cinematográfica. Por seu papel no filme, foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza de 1954. Em 1959, vive outro momento especial no teatro, quando protagonizou “Oração para uma Negra”, de William Faulkner, com Nydia Lícia e Sérgio Cardoso, no Teatro Bela Vista, em São Paulo.
Ainda na década de 50, participou de radionovelas e começou a atuar nos teleteatros da TV Tupi. Na década seguinte, conquistou sucesso na televisão com a novela “A Deusa Vencida”, de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior. Em 1968, integrou ao elenco da TV Globo onde estreou em “Passo dos Ventos” de Janete Clair. Lá, também estrelou “A Cabana do Pai Tomás” (1969).
Pioneira da TV brasileira, Ruth de Souza atuou em mais de 20 novelas. A atriz trabalhou pela última vez na minissérie da TV Globo "Se Eu Fechar os Olhos Agora" (2019).
Imagem: Memória Globo/Reprodução