Zíbia Gasparetto, uma das mais importantes escritoras brasileiras no campo da literatura espírita, morreu em 10 de outubro de 2018, aos 92 anos, devido a um câncer no pâncreas. Ao longo de sua vida, a autora publicou mais de 50 livros, muitos deles psicografados, ou seja, atribuídos a entidades espirituais com quem ela dizia se comunicar. Suas obras venderam mais de 18 milhões de exemplares.
Experiência transformadora
Nascida em Campinas (SP), Zíbia cresceu em uma família católica tradicional, mas sua vida mudou completamente quando, aos 24 anos, passou por uma experiência que a levou ao espiritismo. Já mãe de dois filhos, teria acordado certa noite com um formigamento no corpo. Em seguida, teria se levantado e passado a andar pela casa como um homem, falando em alemão, idioma que desconhecia. O marido, Aldo Luiz, surpreendido e assustado, recorreu ao auxílio de uma vizinha, que, ao chegar à residência da família, teria feito uma oração capaz de restabelecer Zibia. No dia seguinte, dirigiu-se a uma livraria, onde adquiriu O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
A partir da década de 1950, Zíbia começou a frequentar centros espíritas, e foi nessa época que iniciou seu trabalho de psicografia, recebendo mensagens de espíritos desencarnados, em especial de um espírito que se identificava como Lucius, que se tornaria seu guia espiritual ao longo de sua carreira como escritora.
O primeiro romance psicografado por Zíbia, "O Amor Venceu", foi publicado em 1958 e logo fez sucesso entre os leitores, consolidando-a como uma referência no meio espírita. Ao longo das décadas seguintes, ela escreveu dezenas de livros, muitos deles abordando temas como reencarnação, evolução espiritual, vida após a morte e as relações humanas sob a ótica espiritual.
Os livros de Zíbia não eram apenas voltados ao público espírita, mas também a pessoas interessadas em reflexões sobre a vida e o autoconhecimento. Seus temas recorrentes abordavam a espiritualidade, o perdão, a força do amor, e os desafios que as almas enfrentam para evoluir em suas jornadas terrestres e espirituais. Entre suas obras mais conhecidas estão "Entre o Amor e a Guerra" (1975), "O Mundo em que Vivo" (1986) e "Ninguém é de Ninguém" (2000).
Além de escritora, Zíbia Gasparetto também era uma palestrante e colaborou ativamente em atividades espirituais. Seu filho, Luiz Antonio Gasparetto, morto poucos meses antes dela, também foi médium e autor de livros espíritas, além de apresentador de TV. Mesmo com o avançar da idade, Zíbia continuou ativa, publicando livros até o fim da vida.