Em 8 de agosto de 1974, em um discurso transmitido pela TV, Richard M. Nixon anuncia sua intenção de se tornar o primeiro presidente na história dos EUA a renunciar. Com um processo de impeachment em curso contra ele, por seu envolvimento no caso Watergate, Nixon estava finalmente cedendo à pressão da população e do Congresso para deixar a Casa Branca. “Ao tomar essa atitude”, ele disse, em um discurso solene feito do Salão Oval, “eu espero poder apressar o início do processo de cura, que é tão desesperadamente necessário na América”.
Um pouco antes do meio-dia do dia seguinte, Nixon terminou oficialmente seu mandato como 37º presidente dos EUA. Antes de partir com sua família em um helicóptero, dos jardins da Casa Branca, ele deu um sorriso de despedida e, de forma enigmática, ergueu seus braços em um gesto de vitória ou paz. A porta do helicóptero foi, então, fechada, e a família Nixon iniciou a viagem a San Clemente, na Califórnia. Minutos depois, o vice-presidente Gerald R. Ford foi empossado como o 38º presidente dos EUA no Salão Leste da Casa Branca. Depois de fazer o juramento, Ford falou à nação em um discurso televisivo, declarando: “Meus companheiros americanos, nosso longo pesadelo nacional terminou”. Em seguida, ele perdoou Nixon pelos crimes que ele poderia ter cometido no exercício do cargo, afirmando que pretendia acabar com as divisões nacionais criadas pelo escândalo de Watergate.
Em 17 de junho de 1972, cinco homens, incluindo um coordenador de segurança do Comitê de Reeleição de Nixon, foram presos por invadir e grampear ilegalmente a sede do Comitê Nacional dos Democratas em Washington, D.C., no complexo Watergate. Logo depois, outros dois ex-assessores da Casa Branca foram implicados no caso, mas a administração Nixon negou qualquer envolvimento. No final daquele ano, os jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward, do The Washington Post, descobriram uma conspiração de alto-escalão em torno do incidente, e surgiu um escândalo político de dimensões inéditas.
Em maio de 1973, o Comitê Seleto do Senado das Atividades da Campanha Presidencial, liderado pelo senador Sam Ervin, da Carolina do Norte, deu início a uma ação televisionada sobre o caso Watergate, que rapidamente foi ganhando a atenção de todo o país. Uma semana depois, o professor de Direito de Harvard Archibald Cox fez o juramento como promotor especial do caso Watergate. Durante as audiências no Senado, o ex-consultor jurídico da Casa Branca John Dean afirmou que a invasão de Watergate tinha sido aprovada pelo ex-procurador-geral John Mitchell, com o conhecimento dos conselheiros da Casa Branca John Ehrlichman e H.R. Haldeman, e que o presidente Nixon teria conhecimento do fato. Enquanto isso, o promotor Cox e sua equipe começaram a descobrir diversas provas de espionagem política por parte do comitê de reeleição de Nixon, escutas ilegais de milhares de cidadãos feitas pela administração e contribuições ao Partido Republicano em troca de favores.
Em julho, a existência do que ficariam conhecidas como as fitas de Watergate – gravações oficiais de conversas na Casa Branca entre Nixon e sua equipe – foi revelada durante as audiências no Senado. Cox intimou o presidente a entregar essas fitas e, depois de três meses de atraso, Nixon concordou em enviar resumos das gravações. Cox os rejeitou, e Nixon o demitiu. Seu sucessor como promotor especial, Leon Jaworski, fez acusações contra vários funcionários de alto-escalão, incluindo Mitchell e Dean, que foram condenados.
A confiança da população no presidente diminuiu rapidamente e, no final de julho de 1974, o Comitê Judiciário da Câmara já tinha três cláusulas de impeachment contra Nixon: obstrução da justiça, abuso dos poderes presidenciais e impedimento do processo de impeachment. Em 30 de julho, sob pressão da Suprema Corte, Nixon finalmente divulgou as fitas de Watergate. Em 5 de agosto, transcrições das gravações foram lançadas, incluindo um trecho em que se ouvia o presidente instruindo Haldeman a ordenar ao FBI que detivesse a investigação de Watergate. Três dias depois, Nixon renunciou.
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