Francesco Matarazzo foi o fundador do maior complexo industrial da América Latina. Quando morreu, em 1937, aos 83 anos, em São Paulo, o empresário deixou uma fortuna avaliada em cerca de US$ 10 bilhões. Imigrante italiano, ele ajudou sua comunidade natal durante a Primeira Guerra Mundial e seus esforços lhe renderam o título de Comendador e, alguns anos depois, o de Conde. As honrarias foram concedidas pelo rei italiano Vitorio Emmanuele.
Nascido em 9 de março de 1854, Francesco Matarazzo migrou para o Brasil aos 27 anos por insistência da mãe, após a morte do pai, quando sua família atravessava uma crise após a unificação italiana.
"Eu lhe faço notar que não tive jamais, nem desejei ter, aquilo que se chama patrão."
Francesco deixou a vila de Castellabate, na Itália, em 1881, para viver em Sorocaba (SP). Ficou ali inicialmente sob a proteção de Francisco Grandino, um amigo da família, que contava, por carta, dos progressos que vinha fazendo no Brasil. Foi ele quem sugeriu que o primogênito dos Matarazzo também imigrasse.
Perda da carga de banha
Logo após seu desembarque na Baía de Guanabara (RJ), ele sofreu um revés: perdeu a carga de banha de porco que trazia. Com o que restou, Francesco começou a vida como mascate, viajando de sítio em sítio. Logo demonstra um traço que o destacará: a máxima atenção à criação de oportunidades. Dessa forma, parte para a produção da banha de porco nacional para substituir àquela importada dos EUA.
Bem sucedido em Sorocaba, Matarazzo deixa lá seu irmão Andrea e muda-se para São Paulo, em 1891. Ali, abre uma venda no Mercado Velho da 25 de Março, negociando gêneros alimentícios diversos, além da banha enlatada. A essa altura, já conhecido e respeitado na comunidade italiana.
Primeiro moinho no Brasil
Quase na virada do século, os Matarazzo possuem muito crédito junto ao banco inglês The London and Brazilian Bank (mais tarde Bank of London and South America). Isso será de suma importância para erguer o maior moinho do país, inaugurado na rua Monsenhor Andrade, no Pari, em 1900. Depois, expandiu os negócios para tecelagens, indústria metalúrgica, refinarias de açúcar, frigoríficos, fábrica de velas, sabonete e sabão. Em pouco tempo, investiria também em centros fabris, usina de sulfureto de carbono e de ácidos, fábrica de fósforos e pregos, de louças e azulejos, usina de cal, destilaria de álcool e fábrica de papel.
Sexto homem mais rico do mundo
Francesco torna-se não apenas o brasileiro mais rico do Brasil, mas também o italiano mais rico do mundo, recebido em palácio pelo papa, por Mussolini, pelos presidentes brasileiros. Matarazzo chegou a ser o sexto homem mais rico do mundo, atrás apenas dos gigantes americanos (Rockefeller, JP Morgan).
Torna-se um líder na comunidade italiana, agraciado com uma comenda pela Coroa italiana em 1906. Durante a Primeira Guerra Mundial, embarcou para sua região natal para organizar o abastecimento das vilas e dos civis. Por essa dedicação, recebeu do rei italiano Vitorio Emmanuele o título de Comendador e, alguns anos depois, o de Conde.
Grande império
As Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo estavam no caminho de tornar-se um grande império, com seu centro articulado a partir do prédio instalado no Anhangabaú – depois sede do banco Banespa e hoje sede da Prefeitura de São Paulo – e do complexo fabril da Água Branca, e o nome de seu dono tornar-se-ia mítico entre os empresários e a população em geral.
O Conde Matarazzo morreu no dia 10 de fevereiro de 1937, aos 83 anos, em São Paulo. O empresário deixou uma fortuna avaliada em cerca de US$ 10 bilhões.
Após sua morte, Francisco Matarazzo Júnior, o penúltimo dos 13 filhos, ficou à frente dos negócios por quatro décadas. O sucessor natural seria Ermelino, o primogênito, contudo, ele morreu em um acidente de carro na Itália, em 1920.