Padroeira da França e heroína da Guerra dos Cem Anos, Joana d'Arc foi uma importante chefe militar francesa. Também conhecida como Donzela de Orleans, ela foi responsável pela libertação desta cidade, que estava há meses sob o dominío inglês. Acusada de heresia, morreu queimada viva e tornou-se uma das maiores mártires da história.
Caçula de quatro irmãos e filha dos camponeses Jacques d'Arc e Isabelle Romée, Joana d'Arc nasceu no dia 6 de janeiro de 1412 em Domrémy-la-Pucelle, na França. Bastante religiosa desde a infância, quando Joana tinha 13 anos começou a ouvir vozes divinas que lhe diziam para libertar o povo francês. Como a história iria provar posteriormente, ela também possuía uma grande coragem física e mental.
Contexto histórico
Na época de Joana, a coroa da França era disputada entre o delfim Carlos (futuro Carlos VI) e o rei inglês Henrique VI. O exército de Henrique estava ocupando grande parte do norte do reino com os burgúndios (leais ao Duque de Burgúndia e aliados dos ingleses), enquanto a situação do delfim era mais delicada, já que, cinco anos após a morte de seu pai, ele ainda não havia sido coroado rei da França.
A vila de Joana ficava na fronteira entre as duas facções e seus habitantes haviam abandonado suas casas. Guiada pelas vozes dos santos, em maio de 1428, Joana viajou a Vaucouleurs, onde pediu permissão para se unir ao delfim em sua causa. Ela e suas visões foram prontamente rejeitadas e a Joana, com apenas 16 anos, foi mandada de volta para casa. No ano seguinte, destemida, ela retornou.
Em Orléans
Em abril de 1429, o delfim deixou vários soldados à disposição de Joana, e também se juntaram a ela seus irmãos Jean e Pierre. Seu estandarte foi pintado com uma imagem de Cristo no juízo final, e a bandeira que ela carregava nas batalhas tinha o nome de Jesus. Quando perguntada sobre a espada que utilizaria, Joana disse que ela seria achada na igreja de Sainte-Catherine-de-FIerbois, o que de fato aconteceu.
Sua estratégia seguinte se apoiava em rejeitar as táticas cuidadosas e não agressivas que caracterizavam a liderança francesa durante as guerras. Obviamente, a aproximação cautelosa não havia surtido efeito, e Joana procurou outras formas para lidar com a guerra.
Em 4 de maio, liderados por Joana, os franceses atacaram e tomaram a fortaleza de Saint Loup, e, no dia seguinte, ela liderou uma marcha contra uma segunda fortaleza chamada Saint Jean le Blanc.
Em seguida, em um conselho de guerra, Joana exigiu outra ofensiva, mas foi repreendida e os portões da cidade fechados para impedir que ela lançasse outro ataque. Mas Joana e um grupo de soldados ajudados por alguns cidadãos abriram os portões, e ela liderou um ataque contra a principal fortaleza inglesa em Les Tourelles, em 7 de maio. Durante o cerco, Joana foi acertada no pescoço com uma flecha, mas voltou rapidamente à luta, com seu espírito incansável, incentivando os franceses até conseguirem render os ingleses.
A Coroação de Carlos
A vitória em Orléans levou o exército francês a reconsiderar e adotar medidas agressivas, enquanto Joana pedia que Carlos se apressasse para receber a coroa em Reims. Com Joana liderando várias tropas e viajando com o delfim, o exército francês tomou diversas cidades antes de chegar a Reims, onde Carlos foi corado em 17 de julho. Joana participou da coroação e, depois da cerimônia, se ajoelhou diante dele, chamando-o de seu rei pela primeira vez.
Joana logo encorajou o Rei Carlos a sitiar Paris, uma fortaleza inglesa, e o ataque foi consumado em 8 de setembro. Joana foi ferida na perna com uma balestra, mas continuou a lutar. Na manhã seguinte, no entanto, recebeu uma ordem real de recuar.
Morte e canonização
Joana d'Arc foi capturada pelos borguinhões, aliados dos ingleses, na primavera de 1430, quando tentava libertar a cidade de Compiègne. Acusada de assassinato e heresia, foi condenada à morte e queimada viva, aos 19 anos, no dia 30 de maio de 1431, em Ruen, na França.
Em 1456, Joana d'Arc foi considerada inocente pelo Papa Calisto III e o processo que a condenou foi considerado inválido. Quase cinco séculos após sua morte, a Igreja Católica autorizou sua beatificação no dia 18 de abril de 1909. Em 1920, foi canonizada pelo Papa Bento XV. Nesse mesmo ano, ela também se tornou santa padroeira da França.
Imagem: Harold Piffard [Domínio público], via Wikimedia Commons