Nero nasceu em 15 de dezembro de 37 d.C, em Anzio, na Itália. Após a morte de seu pai, sua mãe se casou com seu tio-avô, Cláudio, e o convenceu a nomear Nero como seu sucessor. Ele assumiu o trono aos 17 anos e rejeitou todas as tentativas de controle de sua mãe, mandando matá-la. Nero vivia de forma extravagante e se comportava inapropriadamente. Ele começou a executar opositores cristãos e suicidou-se em 9 de junho de 68, após o império se revoltar contra ele. A data de nascimento e morte de Nero pode variar de acordo com o autor – nesta biografia foi usada como fonte relatos do sacerdote Jerônimo de Estridão e pelo escritor latino Suetônio.
Nero nasceu Lucius Domitus Ahenobarbus, filho de Gnaeus Domitus Ahenobarbus e Agrippina, bisneta do imperador Augusto. Ele foi educado na tradição clássica pelo filósofo Sêneca e estudou grego, filosofia e retórica. Depois que seu pai faleceu, em 48 d.C., Agrippina se casou com seu tio-avô, Cláudio. Ela o convenceu de nomear Nero como seu sucessor, em vez de seu filho, Britânico, e de oferecer sua filha, Octávia, como sua esposa, o que ele cumpriu em 50 d.C. Cláudio morreu em 54, e suspeita-se que Agrippina o tenha envenenado. Nero se apresentou ao Senado para fazer um tributo em homenagem a seu antecessor e foi nomeado Imperador de Roma. Ele escolheu o nome Nero Cláudio César Augusto Germânico e ascendeu ao trono aos 17 anos.
Assassinato da mãe
Agrippina era dominadora e tentou influenciar o governo de seu filho. Ela se irritava com os conselhos moderados dos assessores de Nero, seu ex-tutor Sêneca e o comandante da guarda pretoriana, Burro. Ela também tentou impor sua autoridade na vida privada de Nero. Quando este começou a ter um caso com Claudia Acte, uma ex-escrava, e ameaçou se divorciar de Octávia, Agrippina ficou do lado de Octávia e exigiu que seu filho deixasse Acte. Embora ele e Octávia tenham permanecido casados, Nero começou a viver abertamente com Acte, apesar dos protestos de sua mãe.
Depois de Nero ter rejeitado a influência de sua mãe tanto nas questões públicas quanto privadas, ela ficou enfurecida e começou a defender Britânico, ainda um menor de idade, como imperador. No entanto, Britânico morreu repentinamente em 55, um dia antes de se tornar adulto. Supõe-se que Nero o tenha envenenado, embora este tenha afirmado que Britânico morreu de um ataque apoplético. Mesmo depois da morte de Britânico, Agrippina tentou colocar o povo contra Nero, que a baniu do palácio da família.
Em 58, Nero havia deixado Acte e se apaixonado por Popeia Sabina, uma nobre que era casada com um membro da aristocracia romana. Ele queria esposá-la, mas a opinião pública não via com bons olhos um divórcio com Octávia, e sua mãe se opôs firmemente a isso. Cansado da interferência de sua mãe e não satisfeito apenas como sua retirada do palácio, Nero resolveu tomar uma providência: Agrippina foi assassinada em 59 por ordem de seu filho, o imperador.
Até 59, Nero era descrito como um líder generoso e sensato. Ele havia acabado com a pena capital, diminuído os impostos e permitido aos escravos apresentar queixas em relação aos seus donos. Ele colocou as artes e os esportes acima do entretenimento de gladiadores e deu apoio a outras cidades em crise. Embora fosse conhecido por seus divertimentos à noite, suas ações eram de boa índole, mesmo sendo irresponsável e complacente. Mas depois do assassinato de Agrippina, Nero caiu em um estilo de vida hedonista, que foi marcado não apenas por uma autoindulgência extravagante, mas também pela tirania.
Execução dos opositores
Ele gastou uma quantia exorbitante de dinheiro em atividades artistas e, por volta de 59, começou a se apresentar publicamente como poeta e tocador de lira, uma ruptura significativa para um membro da classe dominante. Quando Burro morreu e Sêneca se aposentou, em 62, Nero se divorciou de Octávia e ordenou que a matassem, para se casar com Popeia. Nessa época, acusações de traição contra Nero e o Senado começaram a aparecer, e ele passou a reagir duramente contra qualquer tipo de crítica ou possível deslealdade.
Um comandante do exército foi executado por difamá-lo em uma festa; outro político foi exilado por escrever um livro que fazia observações negativas sobre o Senado; e outros rivais foram mortos nos anos que se seguiram, permitindo a Nero reduzir a oposição e consolidar seu poder.
Incêndio de Roma
Em 64, a natureza escandalosa das bizarrices artísticas de Nero começou a causar controvérsias, mas a atenção do público foi desviada pelo Grande Incêndio de Roma. As chamas se iniciaram em lojas na extremidade sudeste do Circo Máximo e devastaram Roma por 10 dias, destruindo 75% da cidade. Apesar de incêndios acidentais serem comuns à época, muitos romanos acreditavam que Nero provocou o fogo para abrir espaço para sua vila planejada, a Casa Dourada. Sendo ou não o autor, Nero determinou que um culpado deveria ser encontrado e apontou para o Cristianismo, ainda uma religião nova e subterrânea. Com essa acusação, foi iniciada a perseguição e tortura dos cristãos em Roma.
Após o Grande Incêndio, Nero retomou os planos da Casa Dourada. Para poder financiar o projeto, ele precisava de dinheiro e estava disposto a consegui-lo da forma que fosse necessária. Sendo assim, vendeu cargos públicos para quem pagasse a maior quantia, aumentou os impostos, pegou dinheiro dos templos religiosos, desvalorizou a moeda e reinstituiu políticas para confiscar propriedades em casos de suspeita de traição.
Isolamento
Essas novas políticas resultaram na Conspiração de Pisão, um complô arquitetado em 65 por Caio Calpúrnio Pisão, um aristocrata, junto com cavaleiros, senadores, poetas e o antigo mentor de Nero, Sêneca. Eles planejaram assassiná-lo e coroar Pisão como imperador de Roma. Contudo, o plano foi descoberto e os seus líderes conspiratórios, assim como outros romanos de alta classe, foram executados.
Apenas três anos depois, em março de 68, o governador Caio Júlio Víndice se rebelou contra as políticas tributárias de Nero. Ele, então, recrutou outro governador, Sérvio Sulpício Galba, para unir forças para declará-lo imperador. Mesmo o plano tendo fracassado e Galba ter sido declarado inimigo público, o seu apoio cresceu. Até os próprios guarda-costas de Nero desertaram em apoio a Galba. Temendo uma morte iminente, Nero fugiu. Ele planejou ir para o leste, onde muitas províncias ainda eram leais a ele, mas teve que abandonar essa ideia depois que seus oficiais se recusaram a obedecê-lo.
Morte
Ele retornou para o palácio, mas seus guardas e amigos o haviam abandonado. Por fim, ele recebeu a notícia que o Senado o havia condenado à morte por espancamento e foi então que ele decidiu se suicidar. Porém, incapaz de realizar o ato sozinho, ele teve que ser ajudado por seu secretário, Epafrodito. No momento de sua morte, Nero teria exclamado: “Que grande artista morre em mim!” Ele foi o último da dinastia júlio-claudiana.
Imagem: Bibi Saint-Pol [Domínio público], Wikimedia Commons