Ex-secretária de Goebbels revela últimos dias do seu chefe regados a álcool
Brunhilde Pomsel, a ex-secretária do homem responsável pela propaganda nazista, Joseph Goebbels, foi testemunha dos últimos dias de vida do braço direito de Adolf Hitler.
Segundo uma entrevista concedida ao jornal inglês The Guardian, ela, seu chefe e os outros funcionários foram transferidos para o Führerbunker, onde o álcool era mais importante que a água no término da Segunda Guerra Mundial, quando as tropas soviéticas invadiram Berlim. “Senti como se alguma coisa tivesse morrido dentro de mim. Garantimos que não nos faltasse álcool. Precisávamos dele para permanecer em um estado de insensibilidade”, diz Pomsel, na época (2016) com 105 anos. Ela faleceu em 27/01/2017, aos 106 anos.
Após a notícia do suicídio de Hitler, em 30 de abril de 1945, e de seu chefe, Goebbels, no dia seguinte, todos ficaram chocados e elaboraram um plano para salvar suas vidas. As secretárias cortaram sacos de comida para criar uma bandeira branca de modo a informar sua rendição ao exército soviético. Apesar disso, Pomsel passou cinco anos difíceis na prisão depois da Segunda Guerra Mundial.
A ex-secretária concedeu poucas entrevistas em sua vida e resolveu falar desta vez por causa do documentário "A German Life". A produção é resultado de 30 horas de conversa com ela e foi lançada recentemente no festival de cinema de Munique.
Não sabia de nada
Apesar de trabalhar no coração da máquina nazista, Pomsel enfatizou que não fazia nada, além do que datilografar coisas para Goebbels. Ela disse não fazer ideia que havia campos de extermínio que eram comandados pelo regime nazista.
“Eu sei que ninguém vai acreditar em nós hoje em dia - todo mundo pensa que a gente sabia de tudo. Nós não sabíamos de nada. Tudo era mantido muito bem guardado."
Ela se recusa a admitir que era ingênua em acreditar que os judeus tinham "desaparecido" - incluindo uma amiga chamada Eva Löwenthal. Pomsel conta que acreditva que os judeus eram enviados para aldeias nos Sudetos, onde o governo dizia que havia territórios que estavam sendo repovoados. "Acreditávamos - a gente engolia - parecia inteiramente plausível", disse. Em 2005, Pomsel descobriu que sua amiga morreu no campo de extermínio de Auschwitz, em Novembro de 1943.
Fontes: The Guardian , A German Life
Imagem: Blackbox Film & Medienproduktion/Divulgação