Julfest: quando os nazistas tentaram subverter o Natal
Um dos objetivos da Alemanha nazista era acabar com o cristianismo e sua influência na sociedade. Para isso, até as tradições de Natal foram subvertidas. Na obra “The Shadow of His Wings” ("Sombra de Suas Asas"), Geron Karl Goldman, que serviu pelo exército alemão, recorda um episódio particular que aconteceu em um dia 24 de dezembro. Na festa conhecida como “Julfest”, todos cantavam músicas com mensagens natalinas em pleno Terceiro Reich. Mas as letras religiosas eram substituídas por outras, pagãs.
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"Celebrar o nascimento de um bebê judeu era impensável para os nazistas", disse o pesquisador Juergen Mueller. "Mas o Natal era muito popular para ser banido, por isso eles decidiram corrompê-lo", completou. Naquela época, até os papéis de presente eram estampados com suásticas.
Na Julfest, os nazistas substituíram o nascimento de Cristo pelo do chamado “menino solar”, um personagem mitológico que ressurgia de suas cinzas no final do inverno. A festividade era uma antiga tradição alemã, celebrada no dia do Sol Invictus, que entre os romanos se comemorava como o nascimento do deus Mitra (deus do sol). Mais de dois mil anos depois, Hitler revive essa tradição para desbancar o Natal cristão. O nome da festa recorda a deusa da fertilidade, que aparece no início da primavera.
A Véspera de Natal também foi substituída por uma festa pagã, a Mondranich, ou festa da maternidade. A estrela das árvores natalinas foi trocada por uma suástica – além de sua ligação com o cristianismo, a estrela também lembrava o símbolo do judaísmo (com seis pontas) e da URSS (com cinco); e Papai Noel foi substituído pelo deus germânico Odin. Jesus foi substituído pelo próprio Hitler e Maria era completamente ariana.
Por volta de 1944, o movimento para remover as influências do Natal se enfraqueceu. Os nazistas passaram a concentrar seus esforços na Segunda Guerra Mundial. O exército alemão foi derotado pelos Aliados no ano seguinte.
Fonte: ABC e The Telegraph