Parteira de Auschwitz enfrentou Mengele para salvar bebês no campo de concentração
O campo de concentração de Auschwitz é mais conhecido pelos horrores que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial. Pelo menos 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas no local. Mas o lugar também foi palco de milhares de nascimentos.
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Detida em 1943, a parteira foi separada do marido e do filho mais velho, que conseguiram fugir. Ela e uma filha foram enviadas para Auschwitz, enquanto outros dois filhos acabaram em outros campos de concentração. O marido morreu mais tarde, combatendo os nazistas.
Quando Leszczyńska chegou em Auschwitz, disse a um médico alemão que era parteira. Ele então a enviou para a “maternidade", um aglomerado imundo de tendas destinadas às grávidas. A maioria delas era enviada diretamente para câmaras de gás ou acabava submetida a abortos forçados. Muitos bebês também eram afogados em baldes, na frente das mães, logo após o nascimento.
Coragem
Leszczyńska se recusava a fazer o trabalho macabro. Ela simplesmente se negava a matar as crianças, enfrentando até mesmo o médico Josef Mengele, o "Anjo da Morte". Ao invés disso, ela prestava assistência às mães e ajudava nos partos. “Ninguém sabe como ela não foi morta pelos nazistas”, disse o filho dela, Bronislaw, em 1988.
Apesar de saber que a maioria dos bebês morreria em questão de horas, ela fazia o possível para salvar o maior número possível deles e de suas mães. As condições eram as piores possíveis: não havia água, cobertores nem fraldas, além da escassez de comida.
Nem todos os bebês eram mortos imediatamente. A partir de 1943, alguns foram adotados por casais nazistas em um programa que sequestrou mais de 100 mil crianças, apenas na Polônia. Leszczyńska e suas assistentes fizeram o possível para tatuar os bebês, para que eles pudessem ser identificados mais tardes pelas verdadeiras mães.
Das três mil crianças que Leszczyńska ajudou a nascer, estima-se que metade foi afogada, outras mil morreram de desnutrição ou frio, 500 foram entregues a outras famílias e 30 sobreviveram ao campo de concentração. Depois da libertação de Auschwitz, a parteira voltou a exercer sua profissão até se aposentar, em 1957. Seus filhos também foram libertados. A parteira morreu em 1974. Ela continua a ser reverenciada na Polônia e é candidata à canonização pela Igreja Católica.
Imagem: Arquidiocese de Lodz/Domínio Público