Pílula número 9: o comprimido "cura tudo" da Primeira Guerra Mundial
"Não importa qual seja o seu problema, eles sempre o darão o mesmo comprimido”. Foi o que o soldado canadense James Fargey escreveu em dezembro de 1915, no front de batalha. Fargey estava se referindo a um famoso medicamento “cura tudo” que foi utilizado pelos aliados durante a Primeira Guerra Mundial. O comprimido era conhecido como “pílula número 9”.
Os médicos que ficavam junto às unidades de combate contavam com muito poucos recursos. Eles tinham uma lata de cor preta com 13 tipos diferentes de comprimidos para tratar as doenças dos soldados. Cada medicamento era identificado por um número, sem etiquetas descritivas, para evitar o roubo e a automedicação dos combatentes.
A pílula número 9 continha calomelano, ruibarbo e colocíntida. Ela não curava a tosse, não baixava a febre e nem aliviava a dor: tratava-se de um potente laxante. No entanto, os médicos a receitavam para tudo, sendo o remédio mais prescrito para casos que ainda não haviam sido diagnosticados. Mas as propriedades laxativas do medicamento acabaram tendo um resultado inesperado: temendo os efeitos da pílula, soldados pensavam duas vezes antes de fingirem estar doentes para escaparem dos fronts de batalha.
Como quem tomava a pílula número 9 acabava fazendo uma longa visita à privada, o comprimido se tornou um símbolo dos maus-tratos que os soldados sofriam por parte de seus próprios médicos. Por isso alguns historiadores defendem que, na verdade, a pílula tenha funcionado não como um medicamento, mas como um método de dissuasão.
Fonte: BBC
Imagem: Domínio Público, via Wikimedia Commons