Política antissemita brasileira impediu entrada de judeus que fugiam dos nazistas
Quando os nazistas tomaram o poder na Alemanha, em 1933, iniciou-se um processo de perseguição aos judeus. Muitos tentaram fugir para os mais diversos países, inclusive o Brasil. Apesar disso, nosso país recusou a entrada de vários deles com base em justificativas antissemitas.
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A historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro compilou documentos demonstrando que o Brasil recusou ao menos 16 mil pedidos de visto requisitados por judeus que fugiam dos nazistas. À BBC Brasil, ela afirmou que as rejeições seguiam ordens do alto escalão do governo Getúlio Vargas. De acordo com ela, o Ministério das Relações Exteriores considerava os judeus “indesejáveis para a formação étnica do povo brasileiro".
Tucci disse que até mesmo Oswaldo Aranha, que em 1948 foi um dos articuladores da criação do estado de Israel, expôs ideias antissemitas. Em uma carta de 1938 endereçada a Adhemar de Barros, interventor de São Paulo, ele teria dito que o povo judeu seria um "perigo para a homogeneidade futura do Brasil". Em artigo publicado pela Folha de S. Paulo em 1998, Pedro Corrêa do Lago, neto e biógrafo de Aranha, afirmou que documentos vinculando seu avô a políticas antissemitas "são falsamente atribuídos ou interpretados de forma distorcida".
A discriminação teria continuado até 1950, impedindo que sobreviventes do Holocausto viessem ao Brasil. Apesar da política preconceituosa, milhares de judeus conseguiram migrar para o nosso país antes e logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, originando uma colônia que hoje conta com cerca de 120 mil pessoas. Grande parte deles teria entrado com vistos de turista os afirmando que eram cristãos.
Fonte: BBC Brasil
Imagem: Ernst Hofmann ou Bernhard Walte/German Federal Archives, via Wikimedia Commons