O diretor teatral Zé Celso Martinez Corrêa morreu em 6 de julho de 2023, aos 86 anos, em São Paulo. O artista não resistiu aos ferimentos causados por um incêndio que atingiu seu apartamento. Ele ficou conhecido por sua contribuição significativa para o teatro experimental e por sua atuação como líder do emblemático Teatro Oficina.
Nascido em Araraquara, São Paulo, em 1937, desde cedo, Zé Celso demonstrou interesse e talento para as artes cênicas. Ele estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP), mas sua paixão pelo teatro falou mais alto. Em 1958, fundou o Teatro Oficina, um espaço de experimentação teatral que se tornou uma referência nas artes brasileiras.
Ao longo de sua carreira, Zé Celso desenvolveu um estilo de encenação marcado pela fusão de diversas linguagens artísticas, incorporando elementos do teatro, dança, música e performance. Seu trabalho ficou marcado por ser arrojado, provocativo e politicamente engajado, explorando questões sociais, políticas e culturais em suas produções.
Uma das montagens mais famosas dirigidas por Zé Celso foi "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, encenada pelo Teatro Oficina em 1967. A peça causou grande impacto na época devido ao seu tom irreverente, crítico e experimental, além de abordar temas relevantes como o capitalismo e a exploração da sociedade brasileira. Essa montagem é considerada um marco no teatro brasileiro e consolidou a reputação de Zé Celso como um diretor inovador e audacioso.
Além de sua contribuição para o teatro, Zé Celso também se envolveu em diversas lutas políticas e sociais ao longo de sua trajetória. Ele participou ativamente da resistência contra a ditadura militar no Brasil, enfrentando censura e perseguições. Sua postura corajosa e sua defesa da liberdade artística renderam-lhe admiradores e seguidores ao redor do país.
Em junho de 2023, Zé Celso se casou com seu companheiro Marcelo Drummond, com quem tinha uma relação de mais de 40 anos. Ao longo de sua carreira, o diretor recebeu inúmeros prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Shell de Teatro e o Prêmio Mambembe. Até o fim da vida, ele trabalhou intensamente no Teatro Oficina, tanto na criação e direção de espetáculos como na manutenção do espaço como um centro cultural vivo e pulsante