Líder sindical dos cocaleros (agricultores que cultivam a planta da coca), Evo Morales foi eleito o primeiro presidente de origem indígena da Bolívia, assumindo o cargo em 22 de janeiro de 2006. Antes disso, havia sido eleito deputado para o Congresso em 1997 como representante das províncias Chapare e Carrasco de Cochabamba. A partir de então, sua carreira política avançou rapidamente. Em 2002, ele havia ficado em segundo lugar nas eleições presidenciais, sendo derrotado por uma pequena margem de votos.
De orientação socialista, o foco do seu governo foi a implementação da reforma agrária e a nacionalização de setores chaves da economia, contrapondo-se à influência dos Estados Unidos e das grandes corporações nas questões políticas internas do país. Morales foi elogiado por reduzir significativamente a pobreza e o analfabetismo na Bolívia. Seus apoiadores o consideram um defensor dos direitos indígenas e do ambientalismo. Por outro lado, vários críticos de esquerda, incluindo indígenas e ambientalistas o acusaram de não cumprir muitas de suas promessas. Já seus opositores de direita o apontavam como excessivamente radical e autoritário.
Em 2009, Evo foi reeleito para um segundo mandato. Apesar de ter prometido que não iria se candidatar em 2014, ele disputou as eleições e saiu vencedor novamente. Em 2016, houve um plebiscito para decidir se poderia haver uma quarta reeleição, e o resultado foi negativo para ele. Apesar disso, Evo recorreu na Justiça, que permitiu que ele disputasse as eleições mais uma vez. A disputa do quarto mandato, em 2019, acabou sendo o estopim para sua renúncia.
Morales deixou o cargo em 10 de novembro daquele ano, vinte dias após a polêmica causada pela eleição que teria lhe garantido o quarto mandato consecutivo à frente do governo boliviano. Ele foi anunciado vencedor, derrotando o opositor e ex-presidente Carlos Mesa, mas os resultados das urnas foram contestados. Indícios de fraude eleitoral fizeram com que inúmeros protestos eclodissem no país. O líder indígena alegou que deixou o cargo para evitar o aumento da violência no país.
Imagem: via Wikimedia Commons