No dia 26 de fevereiro de 1616, a Igreja Católica ordenou que Galileu Galilei se abstivesse completamente de ensinar ou defender o heliocentrismo. Sem escolha, o astrônomo acatou as ordens da Inquisição. Na época, muitos autores acreditavam no geocentrismo. A tese que afirmava que a Terra girava em torno do Sol era considerada uma heresia.
Apesar de as discussões da possibilidade do heliocentrismo datarem da Antiguidade Clássica, o tema ganhou notoriedade apenas quase dois mil anos mais tarde. Em 1543, o matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico foi o primeiro a apresentar um modelo matemático preditivo consistente e completo de um sistema que colocava a Terra e outros planetas girando em volta do Sol.
Em 1610, Galileu publicou Sidereus Nuncius ("Mensageiro Sideral"), descrevendo suas observações feitas com um novo telescópio sobre as fases de Vênus e das luas de Júpiter. Nessa época, ele adotou a teoria do heliocentrismo de Copérnico. As descobertas iniciais de Galileu vieram em oposição à Igreja Católica. As contribuições dele causaram dificuldades para teólogos e filósofos naturais da época.
Galileu acabou sendo julgado por suas teses científicas. Em 19 de fevereiro de 1616, a Inquisição perguntou a uma comissão de teólogos, conhecidos como qualificadores, sobre as proposições da visão heliocêntrica do universo. Cinco dias depois, eles entregaram um relatório unânime, afirmando que a proposição de que o Sol está parado no centro do universo é "tola e absurda na filosofia e formalmente herética, pois contradiz explicitamente em muitos lugares o sentido da Sagrada Escritura".
Com isso, Galileu teve que se abster de ensinar o heliocentrismo e suas obras que defendiam o copernicanismo foram banidas. Ele foi julgado novamente em 1633, quando a Inquisição o acusou de ser "suspeito veementemente de heresia". Condenado, o astrônomo foi mantido em prisão domiciliar até sua morte, em 1642.
Imagem: Joseph-Nicolas Robert-Fleury (1797–1890), via Wikimedia Commons