João Belchior Marques Goulart, conhecido popularmente como Jango, foi deposto da presidência da República por um golpe militar que iniciou-se com eventos no dia 31 de março de 1964 até a madrugada do dia 2 de abril. O ato resultou em um regime ditatorial que durou um longo período. O Brasil só voltaria a ser uma democracia em 1985.
Não troco um só trabalhador brasileiro por cem desses grã-finos arrumadinhos.
Por duas vezes Jango foi vice-presidente, em 1955 com Juscelino Kubitschek, e em 1961 com Jânio Quadros. Com a renúncia deste último, em 25 de agosto de 1961, Goulart assumiu a presidência, inicialmente em um regime parlamentarista. Em 1963, foi realizado um plebiscito, no qual foi decidida a volta do presidencialismo. Assim, Jango finalmente assumiu seu mandato com plenos poderes. Durante seu governo tornaram-se aparentes vários problemas estruturais na política brasileira, acumulados nas décadas que precederam o golpe. Além disso, disputas de natureza internacional, no âmbito da Guerra Fria, desestabilizaram o seu governo.
No dia 13 de março de 1964, data da realização do Comício da Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, perante trezentas mil pessoas, Jango decreta a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e a desapropriação, para fins de reforma agrária, de terras às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação de açudes públicos. No mesmo comício, Leonel Brizola, seu cunhado, defendeu o fechamento do Congresso Nacional e sua substituição por uma assembleia nacional constituinte, que deveria ser integrada por "camponeses, operários, muitos sargentos e oficiais nacionalistas."
Atitudes como essas resultaram em forte reação de setores da sociedade, notadamente das Forças Armadas e do alto clero da Igreja Católica. Temia-se que o Brasil viesse a se transformar em uma ditadura socialista similar à praticada em Cuba. Essa foi uma das principais justificativas para o golpe militar.
Após sua deposição, Jango se exilou no estrangeiro, assim como a maioria de seus colaboradores. Morreu na cidade argentina de Mercedes, em circunstâncias controversas. Seus partidários afirmam que ele foi envenenado por agentes da Operação Condor, iniciativa que reuniria vários regimes militares da América do Sul. Em maio de 2013, a Comissão da Verdade decidiu pela exumação de seu corpo. O laudo dos médicos legistas foi inconclusivo quanto a causa de sua morte.
A imagem projetada na Revista VEJA sobre minha vida no exílio, me apresentando como um estancieiro rico, alheio aos problemas da pátria, não reflete a realidade.
Imagem: Galeria dos Presidentes, via Wikimedia Commons