Às seis horas da tarde do dia 23 de Julho de 1914, quase um mês após o assassinato do arquiduque austríaco Franz Ferdinand e sua esposa por um jovem nacionalista sérvio em Sarajevo, Bósnia, o Barão von Giesl Gieslingen, embaixador do Império Austro-Húngaro na Sérvia, entregou um ultimato para o ministério das Relações Exteriores sérvio. O documento também ficou conhecido como “Ultimato de Julho”. De acordo com os termos do ultimato, o governo sérvio teria que aceitar um inquérito austro-húngaro sobre o assassinato, não obstante sua alegação de que ele já estava realizando sua própria investigação interna. A Sérvia também foi intimada a suprimir toda a propaganda anti-Áustria e convocada a tomar medidas para erradicar as organizações terroristas dentro de suas fronteiras. A resposta ao ultimato deveria ser dada em 24 horas, no entanto, antecipando o que poderia acontecer, Gieslingen fez suas malas e se preparou para deixar a embaixada.
Enquanto o mundo esperava a resposta da Sérvia, a Alemanha trabalhou diplomaticamente para conter os efeitos do ultimato, mas nenhuma das outras grandes potências, com razão, estavam inclinadas a ver a Áustria-Hungria, que possuía uma força militar relativamente fraca, agindo sozinha. Em 1914, as linhas de batalha tinham sido elaboradas na Europa: se a Alemanha ficasse do lado da Áustria-Hungria contra a Sérvia (e, por extensão, da Rússia), então aliados da Rússia, França e Grã-Bretanha, entrariam na briga também. Ao receber o ultimato, a Sérvia apelou para a Rússia, que reuniu o seu Conselho de ministros no dia seguinte, em 24 de julho, para determinar um curso de ação. O chanceler russo Sergey Sazonov expressou sua crença de que a Alemanha estava usando a crise em torno da morte do arquiduque como pretexto para iniciar uma guerra preventiva para defender seus interesses na região. Desafiando as expectativas austro-alemães de que a Rússia recuaria no caso de um conflito, o Conselho decidiu se preparar para a mobilização.
Enquanto isso, em Belgrado, na tarde de 25 de julho, convencido de que a Áustria-Hungria estava se preparando para uma luta, o primeiro-ministro sérvio Nicola Pasic ordenou uma mobilização do seu exército. Pasic entregou a resposta da Sérvia ao ultimato para Gieslingen na embaixada austríaca, pouco antes do prazo. Na resposta, a Sérvia aceitava efetivamente todos os termos do ultimato, menos um: não iria permitir a participação da Áustria-Hungria em qualquer inquérito interno, afirmando que esta seria uma violação da Constituição e da lei processual penal. Gieslingen, de malas prontas e carro esperando para levá-lo à estação ferroviária, rompeu relações diplomáticas da monarquia dual com a Sérvia e foi embora para pegar o trem. Três dias depois, em 28 de julho de 1914, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, dando início à Primeira Guerra Mundial.
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