Em 19 de agosto de 1692, cinco pessoas foram enforcadas em Salém, nos Estados Unidos, pelo crime de bruxaria. Os cinco, uma mulher e quatro homens, eram Martha Carrier, George Burroughs, John Willard, George Jacobes e John Proctor. Naquele ano, quase 20 pessoas foram mortas e centenas de outras acusadas durante uma onda de perseguição puritana que tomou conta da vila e de outras localidades na região de Massachusetts. A histeria teve diversas motivações, como superstições, racismo, medo de doenças, aversão a forasteiros e inveja entre vizinhos.
Julgamentos de Salém
Os julgamentos das bruxas de Salém começaram depois que um grupo de meninas alegou estar possuído pelo demônio e acusou várias mulheres locais de bruxaria. Enquanto uma onda de histeria se espalhava por toda a colônia de Massachusetts, um tribunal especial se reuniu em Salém para ouvir os casos. A primeira "bruxa" condenada, Bridget Bishop, foi enforcada em junho. Dezoito outras pessoas foram enforcadas, enquanto 150 homens, mulheres e crianças foram acusados nos meses seguintes.
Surgida na Europa, a crença no sobrenatural e em pactos com o diabo era muito difundida na Nova Inglaterra colonial. As superstições floresceram na comunidade puritana rural de Salém, que ainda se recuperava de uma guerra britânica com a França nas colônias americanas em 1689. Uma recente epidemia de varíola, o medo de ataques de tribos nativas americanas vizinhas e outros fatores serviram para criar um ambiente de paranoia. No meio dessas tensões latentes, os julgamentos das bruxas de Salém foram alimentados pelas suspeitas e ressentimentos dos moradores em relação aos seus vizinhos, bem como pelo medo de forasteiros.
Em janeiro de 1692, Elizabeth (Betty) Parris, de 9 anos, e Abigail Williams, de 11 anos (filha e sobrinha de Samuel Parris, pastor da Vila de Salém), começaram a ter ataques, incluindo contorções violentas e explosões incontroláveis de gritos. Após um médico local, William Griggs, diagnosticar que elas haviam sido enfeitiçadas, outras jovens na comunidade começaram a exibir sintomas semelhantes, incluindo Ann Putnam Jr., Mercy Lewis, Elizabeth Hubbard, Mary Walcott e Mary Warren.
No final de fevereiro, mandados de prisão foram emitidos para Tituba (uma mulher escravizada caribenha), juntamente com outras duas mulheres: a pedinte sem-teto Sarah Good e a idosa Sarah Osborn, que as meninas acusaram de tê-las enfeitiçado. As três "bruxas" acusadas foram levadas perante os magistrados e interrogadas.
Embora Good e Osborn tenham negado sua culpa, Tituba confessou. Provavelmente buscando se salvar de uma condenação, ela denunciou outras pessoas, afirmando que havia outras bruxas atuando ao seu lado a serviço do diabo contra os puritanos. À medida que a histeria se espalhava pela comunidade, várias outras pessoas foram acusadas, incluindo Martha Corey e Rebecca Nurse (ambas consideradas membros respeitáveis da igreja e da comunidade) e a filha de quatro anos de Sarah Good.
Assim como Tituba, várias "bruxas" acusadas confessaram e denunciaram outras. Em pouco tempo, os julgamentos começaram a sobrecarregar o sistema de justiça local. Em maio de 1692, o recém-nomeado governador de Massachusetts, William Phips, ordenou o estabelecimento de um Tribunal Especial para casos de bruxaria nos condados de Suffolk, Essex e Middlesex.
O tribunal proferiu sua primeira condenação, contra Bridget Bishop, em 2 de junho: ela foi enforcada oito dias depois. Mais cinco pessoas foram enforcadas em julho; cinco em agosto e outras oito em setembro. Além disso, sete outras bruxas acusadas morreram na prisão, enquanto o idoso Giles Corey (marido de Martha) foi prensado até a morte por pedras após se recusar a declarar-se culpado em sua acusação.
Em setembro de 1692, a histeria começou a diminuir e a opinião pública se voltou contra os julgamentos. Embora o Tribunal Geral de Massachusetts tenha posteriormente anulado os veredictos de culpados contra as bruxas acusadas e concedido indenizações às suas famílias, a amargura permaneceu na comunidade, e o doloroso legado dos julgamentos das bruxas de Salém perduraria por séculos.