O músico Luiz Schiavon morreu em 15 de junho de 2023, aos 64 anos, em São Paulo. De acordo com a família, ele lutava há quatro anos contra uma doença autoimune e não resistiu a uma cirurgia. O artista se destacou como tecladista do RPM, uma das bandas de rock de maior sucesso no Brasil na década de 1980.
Sucesso estrondoso
Nascido em São Paulo, quando menino, Schiavon queria praticar judô, mas sua mãe insistiu que ele estudasse piano. Formou-se no Conservatório Mário de Andrade, em São Paulo, em 1977. Paralelamente, ele chegou a cursar a faculdade de arquitetura.
Schiavon conheceu Paulo Ricardo no dia em que saiu de uma banda cover do Deep Purple. Antes do RPM, eles criaram o Aura, com forte influência de rock progressivo e jazz fusion. Depois de três anos de ensaios e nenhum show, Schiavon encantou-se pela música eletrônica e pela tecnologia de novos sintetizadores, enquanto Paulo decidiu morar na Europa.
Quando voltou ao Brasil, Paulo Ricardo montou o RPM com Schiavon, no final de 1983. Juntos, criaram as primeiras canções. As primeiras foram "Olhar 43", "A Cruz e A Espada" e a música que batizaria a banda que ali nascia: "Revoluções por Minuto". Em 1984, o RPM lançou um compacto que trazia o sucesso "Louras Geladas".
No ano seguinte, a banda lançou o primeiro disco, Revoluções por Minuto. Após algumas trocas de bateristas, a banda se firmou com Schiavon nos teclados, Paulo Ricardo nos baixos e vocais, Fernando Deluqui na guitarra e Paulo "P.A." Pagni na bateria (que entrou durante as gravações do álbum de estreia). As canções são marcadas pela forte presença da bateria eletrônica e pelo clima soturno dos arranjos de Schiavon. O RPM emplacou uma sequência de hits no rádio e o disco chegou à marca de 900 mil cópias vendidas em pouco mais de um ano.
Na esteira do sucesso do álbum de estreia, o RPM lança um disco com registros das gravações de seus shows, Rádio Pirata ao Vivo. O álbum vendeu 3,7 milhões de cópias, transformando o RPM na banda de maior vendagem da indústria fonográfica nacional até então. Com o sucesso, a banda resolve montar seu próprio selo fonográfico, RPM Discos.
O fracasso do selo fonográfico gerou tensões entre a banda, que se separou em 1987 após o lançamento do álbum Quatro Coiotes. Os músicos chegaram a se reunir novamente, mas a banda acabou de novo em 1989. Após alguns projetos solos no início da década de 1990, em 1996 Schiavon inicia um novo tipo de trabalho, compondo para novelas da Rede Globo, sendo responsável pelas trilhas sonoras de O Rei do Gado, Terra Nostra e Esperança.
Em 2001, os quatro membros da formação clássica do RPM se encontraram novamente para ensaios. Percebendo o entrosamento perfeito e a vontade de todos de estarem juntos novamente nos palcos, deram início ao retorno da banda. A banda voltou à mídia com o CD/DVD MTV RPM 2002. No final da turnê do álbum, a banda começa a trabalhar em um disco de inéditas, mas acaba novamente se separando.
De 2004 a 2010, Schiavon dirigiu a banda do Domingão do Faustão, programa semanal exibido pela Rede Globo aos domingos. Em 2011, o tecladista volta com RPM, lançando o álbum duplo Elektra e seguindo em turnê durante 5 anos. Em 2018, Paulo Ricardo deixa a banda, que mantém suas atividades com o vocalista e baixista Dioy Pallone. O baterista P.A. morreu em 2019, aos 61 anos. No ano seguinte, Schiavon se afastou do RPM devido a problemas de saúde.