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Morre a escritora Rachel de Queiroz

Uma das mais importantes autoras da literatura nacional, ela foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras
Por History Channel Brasil em 31 de Outubro de 2023 às 16:29 HS
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A escritora Rachel de Queiroz morreu em 4 de novembro de 2003, aos 92 anos, no Rio de Janeiro. Ela é considerada uma das vozes mais importantes da literatura brasileira do século XX e uma das maiores autoras da segunda geração modernista no Brasil. Autora de destaque na ficção social nordestina, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 1977.

Consagração com "O Quinze"

Nascida em Fortaleza (CE), em 1910, ela se mudou com a família para o Rio de Janeiro aos cinco anos de idade, devido a uma grande seca. Em seguida, foi morar com seus pais em Belém (PA), antes de voltar para Fortaleza em 1917.

Posse de Rachel de Queiroz na Academia Brasileira de Letras
Posse de Rachel de Queiroz na Academia Brasileira de Letras 

Em 1925, Rachel concluiu o curso normal no Colégio da Imaculada Conceição. Estreou na imprensa no jornal O Ceará, após escrever uma carta ridicularizando o concurso Rainha dos Estudantes, promovido pela publicação. A reação foi tão boa que o diretor do jornal, Júlio Ibiapina, a convidou para colaborar com a publicação

A trajetória de Rachel de Queiroz na literatura começou cedo, quando ainda era adolescente, com a publicação de seu primeiro romance, "O Quinze", em 1930. O livro trata da seca no Nordeste brasileiro e suas consequências sociais, e é um retrato contundente das condições de vida na região. Com essa obra, Rachel ficou nacionalmente conhecida, conquistando um lugar de destaque na literatura brasileira.

Rachel começou a se interessar em política social no fim da década de 1920, ao ingressar no que restava do Bloco Operário Camponês em Fortaleza, formando o primeiro núcleo do Partido Comunista Brasileiro. Para fugir da perseguição por ser esquerdista, muda-se para Maceió, em 1935. À época, durante o Estado Novo, viu seus livros serem queimados junto com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos sob a acusação de serem subversivos. Em 1939, já escritora consagrada, muda-se para o Rio de Janeiro. 

Aos poucos, Rachel foi mudando de posicionamento político. Chegou a ser convidada para ser ministra da Educação por Jânio Quadros. Em 1964, apoiou a ditadura militar que se instalou no Brasil. Ela chegou a integrar o Conselho Federal de Cultura e o diretório nacional da ARENA, partido político de sustentação do regime.

Em 1977, concorreu contra o jurista Pontes de Miranda para a vaga de Cândido Mota Filho da cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras. Ela venceu e se tornou a primeira mulher a ser aceita na instituição.

Ao longo de sua carreira, Rachel escreveu diversos romances, contos, peças de teatro e crônicas. Suas obras são conhecidas por abordar temas sociais, como a desigualdade e a seca. Além de "O Quinze", ela foi autora de outros romances de destaque, como "João Miguel" (1932), "Dôra, Doralina" (1975) e "Memorial de Maria Moura" (1992).

Rachel de Queiroz também se destacou como cronista e jornalista, contribuindo com seus textos para diversos jornais e revistas. Ao longo de sua vida, ela foi reconhecida com inúmeros prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Jabuti, um dos mais prestigiosos do Brasil. Em 1993, ela também foi a primeira mulher a ser agraciada com o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa.

Imagens
Arquivo Nacional/Domínio Público, via Wikimedia Commons)