A escritora Rachel de Queiroz morreu em 4 de novembro de 2003, aos 92 anos, no Rio de Janeiro. Ela é considerada uma das vozes mais importantes da literatura brasileira do século XX e uma das maiores autoras da segunda geração modernista no Brasil. Autora de destaque na ficção social nordestina, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 1977.
Consagração com "O Quinze"
Nascida em Fortaleza (CE), em 1910, ela se mudou com a família para o Rio de Janeiro aos cinco anos de idade, devido a uma grande seca. Em seguida, foi morar com seus pais em Belém (PA), antes de voltar para Fortaleza em 1917.
Em 1925, Rachel concluiu o curso normal no Colégio da Imaculada Conceição. Estreou na imprensa no jornal O Ceará, após escrever uma carta ridicularizando o concurso Rainha dos Estudantes, promovido pela publicação. A reação foi tão boa que o diretor do jornal, Júlio Ibiapina, a convidou para colaborar com a publicação
A trajetória de Rachel de Queiroz na literatura começou cedo, quando ainda era adolescente, com a publicação de seu primeiro romance, "O Quinze", em 1930. O livro trata da seca no Nordeste brasileiro e suas consequências sociais, e é um retrato contundente das condições de vida na região. Com essa obra, Rachel ficou nacionalmente conhecida, conquistando um lugar de destaque na literatura brasileira.
Rachel começou a se interessar em política social no fim da década de 1920, ao ingressar no que restava do Bloco Operário Camponês em Fortaleza, formando o primeiro núcleo do Partido Comunista Brasileiro. Para fugir da perseguição por ser esquerdista, muda-se para Maceió, em 1935. À época, durante o Estado Novo, viu seus livros serem queimados junto com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos sob a acusação de serem subversivos. Em 1939, já escritora consagrada, muda-se para o Rio de Janeiro.
Aos poucos, Rachel foi mudando de posicionamento político. Chegou a ser convidada para ser ministra da Educação por Jânio Quadros. Em 1964, apoiou a ditadura militar que se instalou no Brasil. Ela chegou a integrar o Conselho Federal de Cultura e o diretório nacional da ARENA, partido político de sustentação do regime.
Em 1977, concorreu contra o jurista Pontes de Miranda para a vaga de Cândido Mota Filho da cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras. Ela venceu e se tornou a primeira mulher a ser aceita na instituição.
Ao longo de sua carreira, Rachel escreveu diversos romances, contos, peças de teatro e crônicas. Suas obras são conhecidas por abordar temas sociais, como a desigualdade e a seca. Além de "O Quinze", ela foi autora de outros romances de destaque, como "João Miguel" (1932), "Dôra, Doralina" (1975) e "Memorial de Maria Moura" (1992).
Rachel de Queiroz também se destacou como cronista e jornalista, contribuindo com seus textos para diversos jornais e revistas. Ao longo de sua vida, ela foi reconhecida com inúmeros prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Jabuti, um dos mais prestigiosos do Brasil. Em 1993, ela também foi a primeira mulher a ser agraciada com o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa.