Inicio

Morre Ney Latorraca, um dos maiores atores do Brasil

Artista deixou seu nome na história do teatro, cinema e televisão, sendo lembrado por papéis memoráveis como o vampiro Vlad, na novela "Vamp"
Por History Channel Brasil em 26 de Dezembro de 2024 às 10:42 HS
Morre Ney Latorraca, um dos maiores atores do Brasil-0

O ator Ney Latorraca morreu em 26 de dezembro de 2024, aos 80 anos no Rio de Janeiro. Ele estava internado em um hospital para tratar um câncer de próstata e não resistiu a uma sepse pulmonar. Um dos artistas mais reconhecidos e talentosos do Brasil, ele deixou seu nome na história do teatro, cinema e televisão, sendo lembrado por papéis memoráveis como o vampiro Vlad, na novela "Vamp" (1991).

Sucesso nos palcos, TV e cinema

Batizado como Antônio Ney Latorraca, ele nasceu em 25 de julho de 1944, na cidade de Santos, São Paulo. Filho de pais artistas e afilhado do ator Grande Otelo, Ney cresceu em um ambiente que estimulava o interesse pelas artes, o que influenciou sua escolha de seguir a carreira artística. Ele iniciou sua trajetória ainda jovem: aos seis anos ele participou de uma novela na Rádio Record.

Ney começou sua carreira atuando em produções teatrais que logo destacaram seu talento para a interpretação, especialmente em papéis cômicos e dramáticos. Seu primeiro papel profissional foi na peça "Reportagem de Um Tempo Mau" (1965), de Plínio Marcos, que ficou apenas um dia em cartaz antes de ser censurada. Após atuar em três peças encenadas por um grupo universitário, decidiu cursar a Escola de Arte Dramática. 

A estreia dele na televisão ocorreu na década de 1960, mas foi nos anos 1970 que ele começou a ganhar destaque. Sua primeira atuação na TV Globo foi em 1975, na novela "Escalada", no papel do playboy Felipe. Entre seus papéis de destaque na emissora, está Mederiquis da novela "Estúpido Cupido", de 1976, um jovem rebelde dos anos 60, que se vestia de preto e circulava em uma lambreta, batizada pelo próprio ator de Brigite. Na mesma década, ele atuou em diversas montagens teatrais, entre elas "Hair" (1970), "Jesus Christ Superstar" (1972), "Bodas de Sangue" (1973) e "A Mandrágora" (1975).

Em 1980, Ney atuou no filme "O Beijo no Asfalto", de Bruno Barreto, baseado na peça de Nelson Rodrigues. Em 1984, Ney estrelou a minissérie "Anarquistas Graças a Deus", onde interpretou o pai da autora em cujo livro foi baseada a história, Zélia Gattai, mulher de Jorge Amado. No mesmo ano, ainda marcou presença em outra minissérie da Globo, "Rabo de Saia", como intérprete do caixeiro-viajante Quequé, que tinha três mulheres.

Em 1985, foi o protagonista da novela "Um Sonho a Mais". Atuando como Volpone, um mestre dos disfarces, Ney teve a oportunidade de interpretar cinco personagens diferentes, entre eles uma mulher, Anabela Freire, um dos grandes sucessos da trama. 

A partir de 1986, Ney participa da encenação da peça "O Mistério de Irma Vap", grande sucesso de bilheteria, que permaneceu em cartaz por mais de dez anos. Contracenando com Marco Nanini, numa produção de Marília Pêra, foi a primeira peça em que os atores trocavam rapidamente de roupa para cada cena. No mesmo ano, integrou o elenco da minissérie "Memórias de um Gigolô", no papel do gigolô Esmeraldo. Entre 1988 e 1989, encarnou um de seus personagens mais populares, o velhinho Barbosa, em TV Pirata, programa que revolucionou o humor na TV brasileira.

Em 1991, Ney caiu nas graças do público no papel do Conde Vlad, o chefe dos vampiros da novela "Vamp", na qual protagonizou cenas memoráveis, como uma cena de dança inspirada no clipe da música Thriller, de Michael Jackson. Nessa mesma década, ele teve passagens pelo SBT, atuando nas novelas "Brasileiros e Brasileiras" e "Éramos Seis".

Em 2000, Ney fez parte do núcleo cômico da novela "O Cravo e a Rosa", formando um trio cômico com Maria Padilha e Eva Todor.Em 2002, participou da novela "O Beijo do Vampiro", no papel do Conde Nosferatu. Em 2003, deu vida a Araújo Ribeiro, na minissérie "A Casa das Sete Mulheres" e, em 2004, na novela "Da Cor do Pecado", viveu o falido Eduardo. Em 2006, protagonizou ao lado do amigo Marco Nanini, o filme "Irma Vap - O Retorno", baseado na bem-sucedida peça O Mistério de Irma Vap. Nos anos seguintes, continuou a atuar até anunciar sua aposentadoria em 2017. Depois disso, ele ainda fez participações nos programas Tá no Ar (2018) e Cine Holliúdy (2019).
 

Imagens
Funarte/Domínio Público