A luta pela independência do jugo francês no Haiti, se desenvolveu em várias etapas. Na primeira, os grandes proprietários de terra, os escravos, os comerciantes e os brancos pobres -chamados petits blancs- se solidarizaram com o movimento revolucionário que havia estourado na metrópole e formaram uma assembleia local que reivindicava o fim do pacto colonial. Em uma segunda etapa, os mulatos livres começaram a apoiar a revolução metropolitana, acreditando que com isso obteriam dos brancos residentes na colônia a plena igualdade de direitos para os homens livres, independentemente da etnia. Contudo, em 1790 os plantadores brancos reprimiram ferozmente as reivindicações dos libertos. E estes, por sua vez, não tiveram alternativa senão se aliar, um ano depois, com dois grupos de escravos sublevados ou marrons. Finalmente se conseguiu a unidade de negros e mulatos. Logo após uma série de campanhas, estes obrigaram as tropas francesas a capitular; e assim foi proclamada a independência, no dia 12 de novembro de 1803. Desta forma o Haiti se converteu no primeiro Estado independente da América Latina. Dessalines, um escravo nascido em uma plantação do Norte, tornou-se o chefe do recente Estado haitiano. Depois de seu primeiro ano de mandato, decidiu proclamar-se a si mesmo Imperador do país com o nome de Jacques I. O imperador deu a seu governo uma forte marca nacionalista, mas ao mesmo tempo buscou consolidar seu poder pessoal criando um Estado autocrático, similar ao que nascia na França nesta época.
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