O produtor Quincy Jones, um dos maiores nomes da música mundial, morreu em 3 de novembro de 2024, aos 91 anos, nos Estados Unidos. Segundo a família, ele faleceu pacificamente em casa, na cidade de Los Angeles. Arranjador, compositor e multi-instrumentista, o artista deixou sua marca em diversos estilos musicais e por seu trabalho ao lado de alguns dos maiores artistas do século XX, como Frank Sinatra e Michael Jackson.
Carreira de sucesso
Nascido em 14 de março de 1933, em Chicago, Quincy cresceu em meio a dificuldades, mas encontrou na música uma forma de expressão e superação. Ainda jovem, mudou-se para Seattle, onde aprendeu a tocar trompete e rapidamente mostrou um talento incomum. Durante a adolescência, seu dom chamou a atenção de músicos de jazz renomados, abrindo as portas para o início de uma carreira que o levaria a se tornar um dos mais respeitados produtores do mundo.
Nos anos 1950, Jones se destacou como trompetista e arranjador de jazz, tocando com lendas como Lionel Hampton, Count Basie e Dizzy Gillespie. Seu talento o levou a Paris, na França, onde estudou música e aprimorou suas habilidades. De volta aos Estados Unidos, começou a trabalhar como arranjador para grandes orquestras e produziu trilhas sonoras para o cinema, tornando-se um dos primeiros afro-americanos a ocupar um cargo de destaque na indústria cinematográfica de Hollywood.
Quincy Jones trabalhou pela primeira vez com Frank Sinatra em 1958, quando foi convidado pela Princesa Grace para organizar um concerto beneficente no Monaco Sporting Club. Seis anos depois, Sinatra o contratou para arranjar e conduzir seu segundo álbum com Count Basie, "It Might as Well Be Swing" (1964). Jones também foi o responsável pela condução e arranjo do álbum ao vivo de Sinatra com a banda de Basie, "Sinatra at the Sands" (1966).
Nos anos 1960, Quincy Jones se aventurou na composição de trilhas sonoras para filmes e programas de televisão, tornando-se um dos primeiros afro-americanos a alcançar esse tipo de reconhecimento em Hollywood. Ele compôs para filmes como "O Homem do Prego" (1964), "No Calor da Noite" (1967) e "Uma Saída de Mestre" (1969). Sua capacidade de transitar entre diferentes estilos musicais tornou-o muito procurado para trilhas sonoras.
Em 1968, Jones se tornou o primeiro afro-americano a ser indicado ao Oscar de Melhor Canção Original por "The Eyes of Love", do filme "Um Homem em Leilão". Ele também foi indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora Original pelo seu trabalho no filme "A Sangue Frio", de 1967.
O auge comercial de sua carreira veio nos anos 1980, quando produziu álbuns históricos para Michael Jackson, incluindo "Off the Wall", "Thriller" e "Bad". Thriller se tornaria o álbum mais vendido de todos os tempos, catapultando Jackson ao estrelato global e solidificando Quincy Jones como um dos mais brilhantes produtores musicais da história. Sua habilidade em misturar pop, R&B e funk com toques de jazz e orquestração complexa transformou o som da época e influenciou gerações de músicos. Além disso, ele foi o mentor e produtor de "We Are the World", um marco de solidariedade musical que reuniu dezenas de artistas para ajudar a combater a fome na África.
O produtor também trabalhou com músicos brasileiros, como Milton Nascimento, Ivan Lins e Simone.
Quincy foi casado três vezes e teve sete filhos com cinco mulheres diferentes. Entre 1967 e 1974 ele foi casado com a atriz sueca Ulla Andersson, com quem teve uma filha, Martina, e um filho, Quincy, que também se tornou produtor musical. No dia seguinte ao divórcio de Andersson, Jones se casou com a atriz americana Peggy Lipton. Eles tiveram duas filhas, Kidada e Rashida, ambas se tornaram atrizes. Jones e Lipton se divorciaram em 1990. Ele também teve um relacionamento com a atriz alemã Nastassja Kinski, com quem viveu de 1991 a 1995, e juntos tiveram uma filha chamada Kenya.
Além de sua carreira como produtor, Quincy Jones também foi um defensor de causas sociais e culturais, promovendo a igualdade e a diversidade na indústria do entretenimento. Ele fundou a gravadora Qwest Records, trabalhou como diretor musical de grandes eventos. Ao longo da carreira, ele recebeu inúmeros prêmios, incluindo 28 Grammys, um recorde para um produtor. Em 2018, o produtor foi tema do documentário Quincy, que explora sua vida, sua carreira e seu impacto cultural, dirigido por sua filha, Rashida Jones.