Em 17 de janeiro de 2007, o Boletim dos Cientistas Atômicos (organização relacionada a questões científicas e de segurança global) adiantou o ponteiro do Relógio do Dia do Juízo Final em dois minutos, fazendo com que faltasse cinco minutos para a meia-noite. O relógio é um dispositivo simbólico mantido desde 1947 pela instituição. Quanto mais perto ele está da meia-noite, mais próximo o mundo estaria de um apocalipse causado por fatores humanos.
A decisão do Boletim contou com a participação de 18 ganhadores do Prêmio Nobel e levou em consideração o fracasso global na resolução de problemas relacionados às armas nucleares e à crise climática. Em um comunicado, o órgão citou as duas principais fontes de uma potencial catástrofe: os perigos oferecidos por 27 mil armas nucleares e a destruição de habitats humanos devido às mudanças climáticas.
"Estamos à beira de uma segunda era nuclear. Desde que as primeiras bombas atômicas foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki o mundo nunca enfrentou escolhas tão perigosas. O recente teste de uma arma nuclear na Coreia do Norte, as ambições nucleares do Irã, a retomada no interesse de utilização militar de armas nucleares, o fracasso em proteger adequadamente os materiais nucleares, além da presença contínua de cerca de 26 mil armas nucleares nos Estados Unidos e na Rússia são sintomas de que o mundo falhou ao tentar solucionar os problemas causados pela tecnologia mais destrutiva da Terra", dizia o comunicado.
O texto também enfatiza os riscos oferecidos ao meio ambiente. "Os perigos causados pelas mudanças climáticas são quase tão terríveis quanto os das armas nucleares. Os efeitos podem ser menos dramáticos no curto prazo do que a destruição provocada por explosões nucleares, mas nas próximas três ou quatro décadas a mudança climática pode causar danos irremediáveis aos habitats dos quais as sociedades humanas dependem para sobreviver".
"Como cientistas, estamos cientes dos perigos das armas nucleares e de seus efeitos devastadores, e estamos descobrindo como as atividades humanas e as tecnologias estão afetando os sistemas climáticos de maneiras que podem mudar para sempre a vida na Terra. Como cidadãos do mundo, temos o dever de alertar o público sobre os riscos desnecessários com os quais convivemos todos os dias e os perigos que corremos caso governos e a sociedade não tomem medidas imediatas para tornar obsoletas as armas nucleares e impedir novas mudanças climáticas", disse na época o renomado cientista Stephen Hawking, membro do Boletim.
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