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"Participar de 'Andes Extremo' foi uma experiência importante e TENSA"

Montanhista Gabriel Tarso fala sobre as aventuras vividas por ele e seus colegas no novo programa do HISTORY
Por Gabriel Tarso  em 28 de Abril de 2023 às 16:43 HS
"Participar de 'Andes Extremo' foi uma experiência importante e TENSA"-0

Por Gabriel Tarso, fotógrafo e cinegrafista que faz parte da série ANDES EXTREMO. Aqui, ele narra momentos vividos nas gravações do programa, que estreia 4 de maio, às 22:10, no HISTORY.

Viver entre montanhas tem sido a maior aventura e a maior entrega da minha vida nos últimos anos. Isso ficou ainda mais forte em 2022, graças às experiências que tive o privilégio de vivenciar. No início de julho do ano passado, recém-chegado do Nepal depois de escalar pela segunda vez o Monte Everest, entrei novamente em um avião para fazer o que eu mais amo: estar na montanha. Mas daquela vez, o destino não era o outro lado do planeta. Quando desembarquei em Lima, eu mal podia imaginar tudo o que viveria no Peru nos dois meses seguintes e o quanto isso me marcaria. Assim, comecei a minha jornada por esse país fascinante para gravar o documentário Andes Extremo.

Andes Extremo

Por cerca de oito semanas, eu, Edson Vandeira e Branca Franco tivemos diversos desafios para tornar possível uma expedição tão complexa, com montanhas extremamente desafiadoras, em ambientes hostis. Desde situações práticas do dia, como o que levar para a escalada, a ter que lidar com todas as emoções e sentimentos que podemos ter diante do desconhecido – e também do perigo. 

Pouco a pouco, isso foi se tornando parte de uma rotina semanal, muito porque descíamos de uma montanha e logo tínhamos que nos organizar para partir para a próxima. No meio disso tudo, adoecemos. Em um curto espaço de tempo, eu e Edson tivemos covid-19 e a Branca uma infecção. Quando o assunto é montanha, são muitas as variáveis que tornam a experiência tão importante e tensa ao mesmo tempo. 

Edson e Gabriel
Edson e Gabriel

Além disso, embora não fosse a minha primeira vez do outro lado das câmeras, pude experimentar o desafio de ser, simultaneamente, cinegrafista e personagem em uma série documental. No final das contas, foi algo muito interessante porque aprendi uma nova forma de contar histórias, não mais só com a minha câmera, mas também com a minha fala e minhas percepções sobre o que estávamos vivendo ali. 

Hoje, olhando para trás, vejo o quanto as experiências do Andes Extremo intensificaram o carinho, o respeito e o fascínio que eu já tinha pelos Andes, afinal, foi ali, do lado argentino, que eu comecei a fazer alta montanha e, de certa forma, me consolidei como montanhista, fotógrafo e filmmaker outdoor.

Apesar de passar meses nos Himalaias, os Andes são como o quintal da minha casa, um lugar onde eu sei que sempre serei bem recebido. Então, foi muito simbólico estar ali, sendo um ponto tão pequeno no meio dessa cadeia imensa de montanhas, documentando e, principalmente, sentindo a força das pessoas, da cultura e da história desse lugar. 

Por isso, posso dizer que participar desse projeto foi, sobretudo, uma oportunidade de conhecer os Andes de novas perspectivas e me encantar ainda mais por todos os aspectos socioculturais andinos, que, curiosamente, dialogam tanto com a cultura dos povos dos Himalaias, desde a culinária, música, agricultura, e cores vibrantes, a crenças espirituais e religiosas.  

Escalada noturna

Olhar tão de perto e de uma forma tão intensa para os povos da América do Sul é um mergulho para dentro, um convite para conhecer a nossa própria história enquanto sociedade e uma imensa oportunidade de aprender com tudo o que eles já viveram, sua cultura, sua resistência e sua sabedoria. Não à toa, o momento mais marcante para mim foi ver, a um metro de distância, a múmia Juanita, uma menina inca de cerca de 550 anos, descoberta no Peru em 1995. Foi um momento de muita emoção porque me senti frente a frente com a história. 

Ao longo de quase 15 anos de profissão no universo outdoor, sinto que cada montanha que subo me possibilita ver a vida por outro prisma. Com o Andes Extremo, tive a certeza de que, para além das montanhas, cada episódio foi um chamado para ressignificar o meu próprio estar no mundo. Certamente, tudo o que vivi durante as gravações desse documentário estará eternizado em mim. Especialmente aquilo que câmera nenhuma é capaz de registrar.

Imagens
Divulgação