Arqueólogos encontram línguas de ouro e textos inéditos em túmulos no Egito
Pesquisadores egípcios e espanhóis desenterraram um conjunto impressionante de túmulos do Período Ptolomaico (305 a.C. — 30 a.C.) na região arqueológica de Bahnasa, na província de Minia, no Egito. A descoberta incluiu múmias adornadas com línguas e unhas de ouro, além de textos e representações religiosas inéditas na área. Os achados jogam luz sobre as práticas funerárias e religiosas da época.
Rituais funerários
“Encontramos pela primeira vez na região restos humanos com 13 línguas e unhas de ouro, além de textos de estilo egípcio antigo nunca antes registrados em Bahnasa”, afirmou Mohammed Ismail Khaled, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades. Línguas de ouro eram colocadas na boca dos mortos durante rituais funerários especiais. Seu propósito era garantir aos falecidos a capacidade de falar com o deus Osíris na vida após a morte.
Outro destaque foi a descoberta de um escaravelho posicionado no lugar do coração dentro de uma múmia. Segundo Hassan Ibrahim Amer, diretor das escavações, também foram identificados 29 amuletos do pilar Djed, além de escaravelhos e talismãs relacionados a divindades como Ísis, Hórus e Tot.
Entre os túmulos encontrados, um chamou atenção por sua complexidade: uma estrutura retangular de pedra que leva a câmaras decoradas com pinturas coloridas. Nas paredes, o proprietário do túmulo, Wen-Nefer, e sua família aparecem diante de divindades como Anúbis, Osíris e Atum, enquanto o teto exibe a deusa celeste Nut cercada por estrelas e embarcações sagradas.
A missão arqueológica, liderada por Maite Mascort, também encontrou outros artefatos, como sarcófagos de calcário e uma camada de ouro brilhante sobre o rosto de múmias e divindades representadas nos túmulos. "Essas descobertas reforçam a importância de Bahnasa e os trabalhos continuarão para desvendar mais segredos dessa região única", afirmou a pesquisadora.
O Período Ptolomaico começou quando Ptolomeu I Soter, um dos generais de Alexandre, o Grande, conquistou o poder no Egito, em 305 a.C. Assim surgiu uma poderosa dinastia helenística que governou a região durante séculos. Sua última imperatriz foi Cleópatra, que morreu na época da conquista romana, em 30 a.C.