César não foi imperador e Cleópatra não era egípcia: erros clássicos sobre a antiguidade
A rainha Cleópatra era egípcia e seu amante Júlio César foi o primeiro imperador romano, certo? Apesar de muita gente acreditar que sim, essas afirmações são incorretas. Confira abaixo alguns dos equívocos mais comuns a respeito de figuras e eventos históricos:
O mito das Termópilas
Quem não conhece a história dos 300 de Esparta e seu heroico sacrifício no desfiladeiro das Termópilas para tentar conter os invasores persas? Na verdade, muito do que se toma como verdade nessa batalha é exagero. Acredita-se que além dos 300 soldados de sua guarda pessoal, o rei Leônidas contava com o reforço de mais 300 hilotas (servos que pertenciam ao Estado). Ao todo, o exército espartano tinha ainda a participação de 2.120 arcadianos, 400 coríntios, 700 tespianos, 400 tebanos, mil focenses, mil locrianos, 200 soldados de Fliunte e 80 de Micenas. Mas esse contingente não foi suficiente para conter os persas, que estavam em maior número. Para o poeta Píndaro, a batalha naval de Artemísio, que aconteceu ao mesmo tempo que o conflito nas Termópilas, foi mais importante para deter o avanço dos persas e defender a liberdade da Grécia.
Alexandre, o Grande, não era grego
Alexandre, o Grande, não era grego. Ao menos para os atenienses. Isso porque ele nasceu no reino da Macedônia, considerado na antiguidade um território de bárbaros e estrangeiros. O que conhecemos hoje como a Grécia Antiga era, na realidade, um conjunto de cidades-estados com diferentes particularidades e estruturas políticas, de democracias a monarquias, mas que partilhavam de aspectos culturais em comum. Atenas, Esparta, Tebas e outras cidades-estados helênicas se negavam a aceitar que a Macedônia fizesse parte dessa tradição. Ironicamente, Alexandre foi o maior responsável por difundir a cultura grega pelo mundo antigo.
A democracia ateniense
Esse governo, chamado de “democrático”, era uma assembleia de pouquíssimos cidadãos de elite. Ficavam de fora mulheres, escravos e estrangeiros. Assim, a democracia ateniense tinha poucas similaridades com as democracias modernas, onde praticamente todos os cidadãos têm direito ao voto. O que havia em Atenas, na verdade, era uma oligarquia que excluía a grande maioria da população da tomada de decisões.
Cleópatra, rainha egípcia
É um erro básico considerar Cleópatra como representante do mundo egípcio. A rainha mais famosa do Egito era, como sua família, de sangue macedônio, uma minoria racial e cultural no país africano. Ela fazia parte da dinastia ptolomaica, fundada pelo rei Ptolomeu, que havia sido um dos generais de Alexandre, o Grande. Essa dinastia fez parte do período helenístico, época entre a morte de Alexandre e a ascensão do Império Romano, durante a qual se assistiu à difusão da civilização grega pela bacia do mar Mediterrâneo.
Júlio César não foi o primeiro imperador romano
Com sua vitória sobre Pompeu, Júlio César se tornou o ditador da República, um cargo que se exercia tradicionalmente por tempo limitado em situações extremas, mas do qual ele não estava disposto a abrir mão. Os senadores que mataram César alegaram justamente que estavam salvaguardando a república, evitando que Roma se tornasse uma monarquia. Apesar disso, o assassinato acabou sendo o catalisador para o fim da república. Poucos anos depois, Otávio, sobrinho-neto e filho adotivo de César se tornaria o primeiro imperador romano.
Fonte: Archyde
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