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Fernando Holiday, o vereador negro que luta contra cotas

Por History Channel Brasil em 18 de Maio de 2017 às 14:59 HS
Fernando Holiday, o vereador negro que luta contra cotas-0

Ao contrário do que alguns esperariam, ele afirmou que não irá trabalhar pelos direitos de minorias, mas moralizar a política. Assista agora!

 

Um panorama da representatividade negra na política brasileira

O racismo torna o candidato negro invisível – e não há como culpar o eleitorado por isso. 

 

Homens brancos, ricos, empresários e com idade acima de 50 anos. Esse é o perfil de quase 80% dos políticos em atividade no Brasil atualmente. 

Num país onde mais da metade da população é negra (54%, segundo o IBGE), pode-se afirmar que falta representatividade na política nacional.  

 

O sociólogo Augusto Campos, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro  (UNIRIO), explica que a mudança de políticos no poder não tem trazido consigo uma renovação ideológica. 

 

Se os negros não têm acesso a grandes partidos, eles não têm representação. A outra razão é a distribuição desigual de recursos de campanha. O candidato negro tem dificuldade grande de chegar no patamar de uma elite mais competitiva e, por isso, tem o acesso prejudicado por financiamento de campanha”, explica em entrevista à PUC-Rio Digital. 

 

A falta de representatividade na política tende a reproduzir a histórica diferença entre brancos e negros no Brasil. O racismo torna o candidato negro invisível – e não há como culpar o eleitorado por isso. 

 

“Se você vive num grupo social que é declarado o tempo todo como inferior, com o passar do tempo, acredita que a raça negra é inferior. Por isso, o próprio negro não vota no negro. O problema é ideológico. É preciso um conjunto de ações afirmativas que partam do poder político e que deixem claro que aquilo que acontece é um absurdo, e que é possível mudar a ideologia presente da sociedade”, afirma Antônio Marcelo Jackson, cientista político da Universidade Federal de Ouro Preto (MG).

 

No Brasil, o número de negros entre a população mais pobre saltou de 73,2%  em 2004 para 76% em 2014. Ou seja: três a cada quatro pessoas pobres são negras. A presença do branco nesse grupo caiu de 26,5% para 22,5%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 

Uma curiosidade para encerrar: a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) foi apenas a segunda mulher negra, em 180 anos, a ser eleita para a Assembleia Legislativa de São Paulo! Ela foi reeleita nas eleições de 2014. 

 


FONTES: IBGE  e PUC-Rio Digital
IMAGEM: Jonas Pereira/Agência Senado [CC BY 2.0], via Wikimedia Commons