Por que Joana d'Arc foi morta na fogueira durante a Guerra dos Cem Anos?
Joana d'Arc, uma jovem camponesa analfabeta, foi executada na fogueira em Rouen, na França, em 30 de maio de 1431. Sua morte, embora trágica, a transformou em um símbolo nacional da resistência francesa durante a Guerra dos Cem Anos. Mesmo condenada pelos ingleses, seu legado inspirou gerações e consolidou sua imagem como heroína.
"Violação da lei divina"
Desde os 13 anos, Joana dizia ouvir vozes divinas e ter visões de São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. Segundo ela, as vozes lhe ordenaram que ajudasse as forças de Carlos VII, herdeiro do trono francês, a livrar a França do domínio da Inglaterra. Vestida como homem, liderou batalhas importantes, como a libertação de Orléans, e contribuiu para a coroação de Carlos VII em Reims, elevando assim sua reputação à condição de heroína nacional aos olhos do povo francês.
Contudo, após o fracassado Cerco de Paris, a popularidade de Joana dentre a nobreza francesa despencou. Ela foi capturada em 23 de maio de 1430 por tropas do Duque da Borgonha e entregue aos ingleses. Acusada de heresia e "violação da lei divina" por usar roupas masculinas, passou mais de um ano presa antes de ser levada a julgamento. "O relatório agora é bem conhecido em muitos lugares", escreveram os juízes da época, "que essa mulher, ignorando o que é honroso no sexo feminino, vestiu-se vergonhosamente como um homem".
No julgamento, que começou em 9 de janeiro de 1431, Joana foi interrogada várias vezes sobre suas visões e o motivo de vestir-se como homem. Ela justificou: "É mais decente e apropriado vestir-me assim quando cercada por homens do que com roupas femininas. Enquanto estive na prisão, fui molestada pelos ingleses quando usava trajes de mulher".
O processo foi conduzido como uma inquisição e, segundo o historiador Daniel Hobbins, as motivações para a condenação eram políticas. "Joana foi julgada não por ser mulher, mas por suas vozes a instruírem a atacar os ingleses", escreveu Hobbins.
Após inicialmente assinar uma retratação, Joana voltou a vestir roupas masculinas e afirmou que as vozes retornaram. Isso levou os juízes a declará-la herege reincidente e a sentenciá-la à morte. Poucos dias depois, Joana foi queimada viva. Anos mais tarde, em 1450, o julgamento de Joana foi anulado e, em 1920, ela foi canonizada pela Igreja Católica. A Guerra dos Cem Anos durou até 1453, com os franceses finalmente derrotando os invasores ingleses.