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Por que Joana d'Arc foi morta na fogueira durante a Guerra dos Cem Anos?

Mais tarde, em 1450, seu julgamento foi anulado e, em 1920, ela foi tornada santa pela Igreja Católica
Por History Channel Brasil em 30 de Outubro de 2024 às 16:09 HS
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Joana d'Arc, uma jovem camponesa analfabeta, foi executada na fogueira em Rouen, na França, em 30 de maio de 1431. Sua morte, embora trágica, a transformou em um símbolo nacional da resistência francesa durante a Guerra dos Cem Anos. Mesmo condenada pelos ingleses, seu legado inspirou gerações e consolidou sua imagem como heroína.

"Violação da lei divina"

Desde os 13 anos, Joana dizia ouvir vozes divinas e ter visões de São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. Segundo ela, as vozes lhe ordenaram que ajudasse as forças de Carlos VII, herdeiro do trono francês, a livrar a França do domínio da Inglaterra. Vestida como homem, liderou batalhas importantes, como a libertação de Orléans, e contribuiu para a coroação de Carlos VII em Reims, elevando assim sua reputação à condição de heroína nacional aos olhos do povo francês.

Contudo, após o fracassado Cerco de Paris, a popularidade de Joana dentre a nobreza francesa despencou. Ela foi capturada em 23 de maio de 1430 por tropas do Duque da Borgonha e entregue aos ingleses. Acusada de heresia e "violação da lei divina" por usar roupas masculinas, passou mais de um ano presa antes de ser levada a julgamento. "O relatório agora é bem conhecido em muitos lugares", escreveram os juízes da época, "que essa mulher, ignorando o que é honroso no sexo feminino, vestiu-se vergonhosamente como um homem".

No julgamento, que começou em 9 de janeiro de 1431, Joana foi interrogada várias vezes sobre suas visões e o motivo de vestir-se como homem. Ela justificou: "É mais decente e apropriado vestir-me assim quando cercada por homens do que com roupas femininas. Enquanto estive na prisão, fui molestada pelos ingleses quando usava trajes de mulher".

Joana D'Arc na fogueira

O processo foi conduzido como uma inquisição e, segundo o historiador Daniel Hobbins, as motivações para a condenação eram políticas. "Joana foi julgada não por ser mulher, mas por suas vozes a instruírem a atacar os ingleses", escreveu Hobbins.

Após inicialmente assinar uma retratação, Joana voltou a vestir roupas masculinas e afirmou que as vozes retornaram. Isso levou os juízes a declará-la herege reincidente e a sentenciá-la à morte. Poucos dias depois, Joana foi queimada viva.  Anos mais tarde, em 1450, o julgamento de Joana foi anulado e, em 1920, ela foi canonizada pela Igreja Católica. A Guerra dos Cem Anos durou até 1453, com os franceses finalmente derrotando os invasores ingleses. 

Fontes
History.com
Imagens
istock