Mistério das “colheres de guerra” do Império Romano pode ter sido resolvido
Ao longo dos anos, mais de de 200 objetos em forma de colher foram encontrados na Europa em sítios arqueológicos datados da época do Império Romano. Como esses curiosos objetos são geralmente descobertos em contextos de batalhas, os pesquisadores acreditavam que eles faziam parte do equipamento de combate dos guerreiros germânicos ou bárbaros, embora não se soubesse sua função. Agora, um novo estudo publicado no periódico Praehistorische Zeitschrift pode ter desvendado esse mistério.
Consumo de estimulantes
A equipe analisou 241 desses artefatos, encontrados em 116 locais na Escandinávia, Alemanha e Polônia, datados do período romano. Os objetos possuem cabos de 40 a 70 mm e uma parte côncava ou plana, de 10 a 20 mm, e estavam presos a cintos masculinos, mas sem função utilitária no vestuário. A teoria é que os guerreiros germânicos poderiam usar essas colheres para consumir estimulantes antes ou durante o combate. "Estimulantes podem ter sido amplamente usados ao longo da história para motivar soldados, aumentar o esforço físico e reduzir o estresse e o medo provocados pela guerra", explicaram os pesquisadores.
A pesquisa também explorou quais substâncias poderiam estar disponíveis para os povos germânicos da época. Entre as opções prováveis, estão papoula, lúpulo, cânhamo, meimendro, beladona e fungos variados. Essas substâncias poderiam ser consumidas em forma líquida, dissolvidas em álcool, ou em pó. O uso das colheres teria permitido aos guerreiros calcular doses adequadas, evitando overdoses.
Além do uso em conflitos militares, o estudo sugere que essas substâncias também poderiam ter aplicações medicinais e rituais. "Parece que a consciência dos efeitos de diversos tipos de preparações naturais sobre o corpo humano envolvia conhecimento sobre sua ocorrência, métodos de aplicação e o desejo de usar essa riqueza conscientemente para fins medicinais e ritualísticos", destacaram os autores.