Wojtek: o urso soldado que se tornou herói da Segunda Guerra Mundial
A história do urso Wojtek é uma das mais surpreendentes da Segunda Guerra Mundial. Órfão e adotado por acaso pelo Exército da Polônia, o animal desempenhou um papel singular durante o conflito. Ele não apenas conquistou o coração dos soldados, mas também se consagrou como herói.
Hábitos humanos
A trajetória de Wojtek começa no Oriente Médio, quando o recém-formado II Corpo de Exército Polonês seguia em direção ao front aliado. Quando estavam em em Hamadã, no Irã, um grupo de soldados encontrou um menino que cuidava de um filhote órfão de urso. Encantada pelo animal, uma refugiada polonesa convenceu os oficiais a comprá-lo em troca de alimentos. Assim, o pequeno urso entrou para a companhia de artilharia.
Batizado de Wojtek, que significa "soldado alegre" em polonês, o urso cresceu entre os militares, assimilando hábitos humanos inusitados. Ele bebia cerveja, gostava de cigarros (embora os comesse) e até brincava de lutar com os soldados. Seu carisma trouxe momentos de leveza aos combatentes em tempos sombrios, tornando-o uma figura querida por todos.
Quando a unidade se preparava para embarcar rumo à Itália em 1943, surgiu um impasse: Wojtek não poderia ser transportado por não ser oficialmente um membro do exército. Para resolver a questão, os soldados registraram o urso como soldado raso, com direito a número de matrícula e pagamento simbólico. Dessa forma, Wojtek embarcou legalmente e seguiu com o grupo para o front italiano. Nessa época, já adulto, ele media 1,83 m de altura e pesava 90 kg.
Na Itália, Wojtek aprendeu a carregar caixas de munição pesada, demonstrando força e disciplina extraordinárias. Seu desempenho durante a sangrenta Batalha de Monte Cassino foi tão marcante que ele foi promovida ao posto de cabo. Depois disso, a imagem de um urso carregando uma granada tornou-se o emblema oficial da 22ª Companhia de Suprimentos de Artilharia.
Com o fim da guerra, Wojtek se aposentou da vida militar e viajou para o Reino Unido com seus companheiros soldados (muitos combatentes não quiseram voltar para a Polônia ocupada pela URSS). Lá, sua vida tomou um rumo diferente. Ele foi levado ao zoológico de Edimburgo, na Escócia, onde viveu até 1963. Mesmo afastado da rotina militar, o urso nunca esqueceu suas raízes: relatos dizem que o urso reagia ao ouvir visitantes falando em polonês, como se reconhecesse a língua que o acompanhou nos campos de batalha.