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Carta de Albert Einstein ao presidente Roosevelt resulta na criação do Projeto Manhattan

Por History Channel Brasil em 31 de Julho de 2020 às 16:03 HS
Carta de Albert Einstein ao presidente Roosevelt resulta na criação do Projeto Manhattan-0

Em 2 de agosto de 1939, Albert Einstein assinou uma carta que seria enviada a Franklin D. Roosevelt, presidente dos Estados Unidos. O texto advertia que a Alemanha poderia desenvolver bombas atômicas e pedia que Roosevelt agisse o mais rápido possível. O alerta foi um dos fatores decisivos para a criação do Projeto Manhattan, que desenvolveu as primeiras bombas atômicas dos EUA. O documento foi escrito pelo físico nuclear Leó Szilárd e assinado por Albert Einstein.

Em janeiro de 1939, foram publicados os primeiros estudos científicos relatando a descoberta da fissão nuclear. O físico húngaro Leó Szilárd, que estava morando nos Estados Unidos na época, percebeu que a fissão de átomos pesados impulsionada por nêutrons poderia ser usada para criar uma reação em cadeia nuclear capaz de produzir grandes quantidades de energia para geração de energia elétrica ou para a criação de bombas atômicas. Szilárd se preocupava com a possibilidade dos nazistas tentarem criar um armamento a partir desse princípio. 

Em 12 de julho de 1939, Szilárd e o físico Eugene Wigner se encontraram com Einstein em Long Island, Nova York. Quando eles explicaram a ele sobre a possibilidade da criação de bombas atômicas, Einstein respondeu: "eu nem havia pensado nisso". Foi quando Szilárd elaborou uma primeira carta. O documento seria primeiramente endereçado ao embaixador da Bélgica nos Estados Unidos, pois o Congo Belga era uma grande fonte de minério de urânio, material usado para a fissão nuclear. Por sugestão de Wigner, eles prepararam outra carta para o Departamento de Estado dos EUA. O objetivo era obter apoio do governo para a pesquisa de urânio. 

Outro amigo de Szilárd, o economista austríaco Gustav Stolper, sugeriu se aproximar do economista Alexander Sachs, que tinha acesso ao presidente Franklin D. Roosevelt. Sachs disse a Szilárd que ele já havia conversado com o presidente sobre urânio, mas que os físicos Enrico Fermi e George B. Pegram haviam relatado a ele que as perspectivas de construir uma bomba atômica eram remotas. Sachs disse a Szilárd que entregaria a carta, mas sugeriu que ela fosse assinada por alguém de maior prestígio. Para Szilárd, Einstein era a escolha óbvia. Desta vez acompanhado pelo físico Edward Teller, em 2 de agosto de 1939, Szilárd visitou Einstein novamente em Long Island. Foi quando a carta Einstein–Szilárd foi oficialmente assinada. 

A missão de entregar a carta a Roosevelt ficou por conta de Alexander Sachs. Apesar de ter sido elaborado em agosto, o documento só foi entregue em 11 de outubro, durante uma reunião presidencial. Após ouvir um resumo de Sachs da carta, Roosevelt autorizou a criação do Comitê Consultivo do Urânio (Advisory Committee on Uranium, no original). A primeira reunião do comitê ocorreu em 21 de outubro, liderada por Lyman Briggs, presidente do National Bureau of Standards. Na ocasião,o presidente liberou investimentos para experiências com nêutron, que seriam feitas pelo físico italiano Enrico Fermi na Universidade de Chicago.

A carta é frequentemente vista como uma das origens do Projeto Manhattan, o bem sucedido projeto nuclear que viria a produzir as bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki em 1945. Apesar de não ter trabalhado no projeto atômico, de acordo com Linus Pauling, Einstein mais tarde teria se arrependido de ter assinado a carta, pois ela teria resultado na criação da bomba atômica. De acordo com o Pauling, Einstein só teria assinado o documento por receio de a Alemanha ser o primeiro país a desenvolver armas nucleares. 


Imagem: Montagem com fotos de Ferdinand Schmutze e Vincenzo Laviosa, via Wikimedia Commons