Cientistas observam pela primeira vez um "tsunami tóxico extraterrestre"
Pesquisadores descobriram uma muralha gigante de nove quilômetros de altura composta por nuvens tóxicas em Vênus. A onda planetária estaria viajando a 320 km/h pela atmosfera superior do planeta há pelo menos 35 anos. Segundo os cientistas, o "tsunami venenoso" se estende por até 7.500 quilômetros de extensão. Esse tipo de fenômeno jamais foi visto em outro lugar do Sistema Solar.
O estudo foi liderado pela agência espacial japonesa JAXA, que primeiro identificou o que parecia uma onda atmosférica, mas de proporções planetárias. Essa massa gasosa ocupa uma superfície do tamanho de 61 mil campos de futebol, formando uma névoa de gás ácido. "Se isto acontecesse na Terra, seria como uma superfície frontal mas à escala planetária, o que é algo inacreditável”, afirmou o Dr. Pedro Machado, cientista do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço em Portugal, que faz parte da equipe internacional que participou da pesquisa.
Os céus carregados de Vênus são constituídos sobretudo por dióxido de carbono e nuvens de ácido sulfúrico. De acordo com os cientistas, a onda tóxica desliza em torno do planeta a cada cinco dias. A região profunda da atmosfera onde ocorre o fenômeno é responsável pelo efeito estufa descontrolado que retém o calor e mantém a superfície venusiana a 465 graus Celsius (o suficiente para derreter chumbo).
O estudo é promissor para os cientistas que tentam desvendar as incógnitas que permeiam Vênus. Ondas de escala planetária como esta poderão ajudar a estabelecer uma ligação entre a superfície e a dinâmica da atmosfera do planeta como um todo, o que ainda permanece um mistério. Novas observações ainda são necessárias para chegar a uma conclusão a respeito do fenômeno.
Fontes: Futurism.com, Science Alert e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço em Portugal
Imagens: Shutterstock.com e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço em Portugal