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Fóssil brasileiro pode ajudar a desvendar a evolução do cérebro dos pássaros 

Descoberta inédita de ave que viveu há 80 milhões de anos revela pistas sobre a inteligência desses animais
Por History Channel Brasil em 13 de Novembro de 2024 às 19:13 HS
Fóssil brasileiro pode ajudar a desvendar a evolução do cérebro dos pássaros -0

Um fóssil inédito encontrado no Brasil pode ajudar cientistas a compreender a origem da inteligência nas aves modernas. A preservação excepcional do crânio de uma ave mesozoica, batizada de Navaornis hestiae, permitiu uma reconstrução digital detalhada de seu cérebro, algo raro para fósseis tão antigos. Um estudo sobre a descoberta foi publicado na revista Nature.

Espécie intermediária

O Navaornis viveu há cerca de 80 milhões de anos, antes da extinção em massa que eliminou os dinossauros não-aviários. Os pesquisadores afirmam que sua descoberta poderia ser uma espécie de "Pedra de Roseta" para determinar as origens evolutivas do cérebro das aves modernas. Isso porque o fóssil encontrado em Presidente Prudente (SP) representa uma espécie intermediária entre o Archaeopteryx (mais antigo dinossauro semelhante aos pássaros) e as aves modernas. 

Fóssil de Navaornis hestiae
Fóssil de Navaornis hestiae (Imagem: Stephanie Abramowicz/Divulgação, via EurekAlert)

A descoberta do fóssil preenche uma lacuna evolutiva de 70 milhões de anos, lançando luz sobre como os cérebros dos pássaros evoluíram ao longo do tempo. O Navaornis tinha um cérebro maior que o do Archaeopteryx (que viveu há 150 milhões de anos), o que sugere que possuía capacidades cognitivas mais avançadas em comparação com os primeiros dinossauros semelhantes a aves. No entanto, a maioria das áreas de seu cérebro, como o cerebelo, eram menos desenvolvidas, indicando que ainda não havia evoluído os mecanismos complexos de controle de voo presentes nas aves modernas.

"Este pode ser apenas um fóssil, mas é uma peça fundamental no quebra-cabeça da evolução do cérebro das aves", disse Daniel Field, pesquisador da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e autor sênior da pesquisa. "Com o Navaornis, temos uma visão mais clara das mudanças evolutivas que ocorreram entre o Archaeopteryx e as aves inteligentes e comportamentalmente complexas de hoje, como corvos e papagaios", completou. O Navaornis foi batizado em homenagem a William Nava, diretor do Museu de Paleontologia de Marília (SP), que descobriu o fóssil. 

Fontes
Universidade de Cambridge, via EurekAlert
Imagens
Ilustração: Júlia D'Oliveira/Divulgação, via EurekAlert