O que aconteceria com o corpo de um astronauta que morresse no espaço?
Com a inauguração do turismo espacial, os humanos estão cada vez mais perto de passar as férias e inclusive viver em outros planetas. Naturalmente, viver no espaço envolve também a possibilidade de morrer nele, e, de fato, existe uma preocupação com o tema, especialmente o processo de decomposição de um corpo humano em condições extraterrestres.
Devido à gravidade e outros fatores, a deterioração dos tecidos humanos aconteceria de outra forma no espaço. Tim Thompson, professor de Antropologia Biológica Aplicada na Teesside University, abordou o tema em um artigo para o site The Conversation. Confira abaixo algumas das principais diferenças citadas por ele no processo de decomposição na Terra e fora dela:
O processo de decomposição na Terra:
- Em primeiro lugar, livor mortis: o sangue deixa de fluir e se acumula pelo efeito da gravidade.
- Em segundo lugar, algor mortis: a temperatura do corpo diminui.
- Em terceiro lugar, rigor mortis: os músculos se tornam rígidos pelo acúmulo de cálcio nas fibras musculares.
- A partir daí, as enzimas decompõem as paredes celulares e as bactérias intestinais se dispersam pelo organismo, devorando os tecidos moles.
O processo de decomposição fora da Terra:
- O livor mortis, por falta de gravidade, não ocorreria: o sangue no espaço não se acumularia no corpo.
- O rigor mortis ocorreria, mesmo sem gravidade, e as bactérias, assim como na Terra, devorariam os tecidos moles, mesmo que muito mais lentamente, pela falta de oxigênio.
- Diante da falta de vida microbiana no ambiente, as possibilidades de uma mumificação natural seriam muito elevadas.
Thompson salienta que na Terra a decomposição de restos mortais é parte de um ecossistema equilibrado onde os nutrientes são reciclados por organismos vivos, como insetos, micróbios e até plantas. Já os ambientes em outros planetas não evoluíram para decompor corpos da mesma maneira eficiente, pois insetos e animais necrófagos não existem por lá.
O pesquisador acredita que para contornar a situação será necessário criar uma nova forma de prática funerária que não envolvesse o alto consumo de energia da cremação ou de enterros em um ambiente hostil.