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O que aconteceria com o corpo de um astronauta que morresse no espaço?

Com a popularização de missões espaciais e a possibilidade de colônias fora da Terra, pesquisadores estão preocupados com o assunto
Por History Channel Brasil em 09 de Novembro de 2021 às 11:42 HS
O que aconteceria com o corpo de um astronauta que morresse no espaço?-0

Com a inauguração do turismo espacial, os humanos estão cada vez mais perto de passar as férias e inclusive viver em outros planetas. Naturalmente, viver no espaço envolve também a possibilidade de morrer nele, e, de fato, existe uma preocupação com o tema, especialmente o processo de decomposição de um corpo humano em condições extraterrestres.

Devido à gravidade e outros fatores, a deterioração dos tecidos humanos aconteceria de outra forma no espaço. Tim Thompson, professor de Antropologia Biológica Aplicada na Teesside University, abordou o tema em um artigo para o site The Conversation. Confira abaixo algumas das principais diferenças citadas por ele no processo de decomposição na Terra e fora dela: 
 

O processo de decomposição na Terra:


Em primeiro lugar, livor mortis: o sangue deixa de fluir e se acumula pelo efeito da gravidade.

-  Em segundo lugar, algor mortis: a temperatura do corpo diminui.

- Em terceiro lugar, rigor mortis: os músculos se tornam rígidos pelo acúmulo de cálcio nas fibras musculares.

- A partir daí, as enzimas decompõem as paredes celulares e as bactérias intestinais se dispersam pelo organismo, devorando os tecidos moles. 

Astronauta no espaço


O processo de decomposição fora da Terra: 
 

- O livor mortis, por falta de gravidade, não ocorreria: o sangue no espaço não se acumularia no corpo.

- O rigor mortis ocorreria, mesmo sem gravidade, e as bactérias, assim como na Terra, devorariam os tecidos moles, mesmo que muito mais lentamente, pela falta de oxigênio. 

-  Diante da falta de vida microbiana no ambiente, as possibilidades de uma mumificação natural seriam muito elevadas. 

Superfície lunar

Thompson salienta que na Terra a decomposição de restos mortais é parte de um ecossistema equilibrado onde os nutrientes são reciclados por organismos vivos, como insetos, micróbios e até plantas. Já os ambientes em outros planetas não evoluíram para decompor corpos da mesma maneira eficiente, pois insetos e animais necrófagos não existem por lá.

O pesquisador acredita que para contornar a situação será necessário criar uma nova forma de prática funerária que não envolvesse o alto consumo de energia da cremação ou de enterros em um ambiente hostil.

Fontes
The Conversation
Imagens
iStock