7 fake news que marcaram a história
As fake news estão por toda parte. Como em uma pandemia, as notícias falsas se espalham e contaminam o debate público. Apesar de as redes sociais terem facilitado a disseminação dessa verdadeira praga, o fenômeno não é novo. Confira abaixo algumas das maiores informações mentirosas que circularam ao longo da história:
A doença do Rei Jorge II da Grã-Bretanha
Buckingham Palace, via Wikimedia Commons
No século XVIII, durante as rebeliões jacobitas na Grã-Bretanha, foram impressos panfletos afirmando que o Rei Jorge II estava com a saúde debilitada. A notícia era falsa e tinha o objetivo de desestabilizar o monarca. Os jacobitas queriam depor Jorge II, restaurar a Casa Stuart e colocar o católico Jaime Francisco Eduardo Stuart em seu lugar. A iniciativa não deu certo e Jorge II morreu aos 77 anos de idade, em 1760, sendo sucedido pelo neto, Jorge III.
Vídeo relacionado
#HistoryEntrevista Marcelo Tas sobre as duas pandemias: COVID-19 e fakenews
Descoberta de vida na Lua
Domínio Público, via Wikimedia Commons
Em 1835, o jornal New York Sun publicou uma série de reportagens sobre a incrível descoberta de vida na Lua. A novidade bombástica foi falsamente atribuída a um astrônomo conhecido da época, chamado Sir John Herschel. O cientista teria usado "lupas de hidrogênio" para identificar diversas espécies de seres vivos lunares. Entre eles, estavam animais fantásticos, como o urso com chifres e o castor bípede. "Ele carrega seus filhotes nos braços como um ser humano", dizia a notícia que descrevia o castor. Depois de aumentar seu número de assinantes, o jornal admitiu discretamente que tratava-se de uma mentira.
O Gigante de Cardiff
Domínio Público, via History.com
Em 1869, trabalhadores que cavavam um poço em uma fazenda em Cardiff, Nova York, descobriram o que parecia ser o corpo petrificado de um homem de 3 metros de altura. A descoberta rapidamente causou sensação entre o público. Mais tarde, descobriu-se que tratava-se de uma escultura enterrada por um homem ateu brincalhão. Ele queria pregar uma peça em um pastor que interpretava de forma literal uma passagem da Bíblia que falava da existência de gigantes.
A prisão de Jack, o Estripador
Shutterstock.com
Os assassinatos em série cometidos pelo misterioso Jack, o Estripador aterrorizaram Londres em 1888. Os casos geraram uma enorme curiosidade e repercutiram muito na imprensa da época. Alguns espertalhões quiseram lucrar com a história. Dois jornaleiros chegaram a ser presos por anunciarem falsamente que o criminoso havia sido preso, na tentativa de vender jornais. Um terceiro jornaleiro também acabou preso por um motivo parecido. Enquanto vendia jornais, ele anunciou que quatro mulheres haviam sido encontradas assassinadas na rua Charing Cross, o que era uma mentira. O mentiroso foi denunciado por um homem que comprou o jornal para saber da história, mas ela não estava publicada nas páginas do periódico.
A Guerra dos Mundos
Uma das histórias mais célebres sobre a história do rádio é a da transmissão de uma adaptação do livro "A Guerra dos Mundos", de H.G. Wells, que apavorou ouvintes dos Estados Unidos em 1938. Dirigida e narrada pelo ator e futuro cineasta Orson Welles, a adaptação foi transmitida em forma de notícia, como se alienígenas estivessem invadindo a cidade de New Jersey. A ilusão de realismo foi reforçada porque o The Mercury Theatre on the Air, atração responsável pela adaptação, era um show sem interrupções comerciais. Relatos indicam que parte dos ouvintes perdeu o início do programa e achou que se tratava de uma invasão autêntica.
O "boimate"
Veja/Reprodução
Em 1983, a revista Veja publicou uma notícia dizendo que cientistas conseguiram fundir células animais e vegetais. Assim, eles teriam criado um tomate reforçado com células bovinas que possuía uma polpa mais nutritiva, com 40 vezes mais proteína que um tomate comum. O alimento revolucionário foi apelidado de "boimate". O problema é que a informação era falsa. A matéria original havia sido publicada em forma de piada pela revista inglesa New Scientist como brincadeira de 1º de abril, uma tradição bem-humorada do periódico. Sem perceber que se tratava de um texto satírico, a revista brasileira repercutiu a suposta descoberta. Mais tarde, a Veja pediu desculpas pelo "lastimável equívoco".
Os Cadernos de Cozinha de Leonardo da Vinci
Shutterstock.com
Em 1º de abril de 1987, os autores Jonathan e Shelagh Routh lançaram em Londres o livro Os Cadernos de Cozinha de Leonardo da Vinci. A obra contava uma passagem até então desconhecida da vida do gênio renascentista. Da Vinci teria sido chef de cozinha em uma cantina supostamente administrada por ele em sociedade com o pintor Sandro Botticelli. Além disso, ele teria inventado o guardanapo, além de ter criado utensílios culinários inovadores. A obra teria sido escrita com base na descoberta do Codex Romanoff, uma compilação de supostos escritos perdidos de Da Vinci. A data de lançamento do livro deveria ter servido para alertar que tudo não passava de uma brincadeira. O escritor Jonathan Routh era um humorista responsável pela versão britânica do programa "Candid Camera", pioneiro dos quadros de pegadinha na televisão. Ele escreveu Os Cadernos de Cozinha de Leonardo da Vinci em parceria com sua esposa, Shelagh. O mais incrível que é o livro se tornou um sucesso de vendas em diversos países. Basta fazer uma breve busca no Google para constatar que até hoje muita gente acredita que a obra é autêntica. Essa foi certamente a maior pegadinha da vida de Jonathan Routh, que morreu em 2008.
Fontes: History.com, The Social Historian, Gizmodo e El País
Imagem: Shutterstock.com