Indígenas brasileiros celebravam "carnaval" pré-histórico, aponta estudo
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Pesquisadores encontraram evidências de que povos indígenas no sul do Brasil promoviam uma espécie de "carnaval" pré-histórico. Segundo um novo estudo publicado no periódico PLOS ONE, esses eventos eram grandes encontros sazonais festejados com peixe e bebidas fermentadas. A descoberta foi feita a partir da análise de fragmentos de cerâmica encontrados na região da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, datados de 2300 a 1200 anos atrás.
Cerritos
As celebrações podem ter ocorrido nos cerritos, montes de terra construídos por ancestrais indígenas Charrua e Minuano, que serviam como marcos territoriais e locais de sepultamento. Esses eventos teriam reunido comunidades dispersas para o aproveitamento coletivo da fartura de peixes migratórios, como a corvina.
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Os cientistas identificaram vestígios de processamento de pescado e produção de bebidas à base de vegetais, possivelmente tubérculos, milho e palmeiras. “Vemos exemplos de tais práticas em todo o mundo, frequentemente relacionadas à abundância sazonal de espécies migratórias”, disse Marjolein Admiraal, líder do estudo e pesquisadora da Universidade de York, no Reino Unido.
A análise química detalhada dos fragmentos de cerâmica revelou como os alimentos eram preparados, armazenados e até fermentados. “Isso nos aproxima da compreensão do papel culinário de diferentes alimentos nas sociedades do passado”, afirmou Oliver Craig, professor da Universidade de York.
A pesquisa reforça a importância dos cerritos como patrimônio cultural e sugere que esses sítios arqueológicos foram centrais para a vida social e econômica dessas comunidades. “A preservação dos cerritos é essencial para aprendermos com as sociedades do passado como viver de forma sustentável em um ambiente dinâmico”, destacou André Colonese, da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha.