8 coisas que você deveria saber sobre o chefão da máfia Al Capone
Durante a Lei Seca, nos EUA, Al Capone liderou um império do crime com base em Chicago que faturou milhões de dólares todos os anos por meio do contrabando, dos jogos de azar e outras atividades ilegais. Confira oito fatos surpreendentes sobre o famoso chefe da máfia.
1. Capone fez parte de uma gangue de rua quando criança
Nascido em 17 de janeiro de 1899, no Brooklyn, em Nova York, Alphonse Capone foi o quarto de nove filhos. Seus pais, Gabriel, um barbeiro, e Teresa Capone, eram imigrantes de Angri, no sul da Itália. Capone pertencia a uma gangue de rua quando era menino e largou a escola no sexto ano, juntando-se depois à Five Points Gang, em Manhattan, e trabalhando como segurança e barman no Harvard Inn, um bar em Coney Island, pertencente ao mafioso Frankie Yale. Em 1918, ele se casou com Mae Coughlin. Os dois permaneceram juntos até a morte de Capone e tiveram um filho, Sonny. Em 1920, Capone se mudou para Chicago. Alguns dizem que foi para se esconder após ferir gravemente um membro de uma gangue rival em uma briga, enquanto outros dizem que Capone foi contratado por Johnny Torrio, um ex-mafioso do Brooklyn que queria deixar sua marca no crime organizado de Chicago.
2. Ele odiava seu famoso apelido
Em 1917, o rosto de Capone foi cortado durante uma briga no Harvard Inn, após ele ter insultado uma cliente e seu irmão revidado, deixando-o com três cicatrizes para sempre. Capone tentava esconder o lado do seu rosto com as cicatrizes em fotos e dizia que eram feridas de guerra – apesar de ele nunca ter servido no exército. Depois de ganhar notoriedade como gângster, Capone foi chamado de Scarface pela imprensa, um apelido que ele odiava. Seus companheiros do crime se referiam ao chefe da máfia como Big Fellow, enquanto amigos o conheciam como Snorky, uma gíria que significava bacana.
3. A quadrilha de Capone faturava US$ 100 milhões por ano
Após chegar a Chicago, Capone trabalhava para Torrio, que fazia parte de uma rede criminosa liderada por Big Jim Colosimo. Quando Colosimo foi morto (em um assassinato possivelmente ordenado por Torrio e executado pelo ex-chefe de Capone, Frankie Yale), Torrio assumiu o posto de chefe e fez de Capone um de seus principais assistentes. Em janeiro de 1925, Torrio foi baleado do lado de fora de sua casa. Ele sobreviveu, mas deixou Chicago no final do mesmo ano, escolhendo Capone, então com 26 anos, como seu sucessor. Capone expandiu o “outfit”, como ele chamava sua organização do submundo, e se tornou um dos principais mafiosos dos EUA. Segundo estimativas, seu sindicato do crime arrecadava em torno de US$ 100 milhões por ano – a maior parte vinda do contrabando, seguida dos jogos de azar, da prostituição, da extorsão e de outras atividades ilícitas. Um homem que usava roupas chamativas, que gostava de conversar com os jornalistas e que se tornou uma celebridade internacional, Capone não se desculpava pelo jeito que ganhava sua vida. Ele dizia fazer um “serviço público” pelos cidadãos de Chicago, afirmando: “Noventa por cento das pessoas do Condado de Cook bebem e jogam, e meu delito é dar a elas esses divertimentos”.
4. Ele nunca foi acusado por ter ligações com o Massacre do Dia de São Valentim
Na manhã de 14 de fevereiro de 1929, sete homens ligados à gangue de George “Bugs” Moran foram mortos a tiros depois de serem alinhados contra uma parede dentro de uma garagem do bairro de Lincoln Park, em Chicago. As vítimas incluíam cinco dos associados criminosos de Moran, um mecânico que trabalhava para ele e um oftalmologista que andava com o grupo – Moran, no entanto, não estava presente. Os atiradores eram, pelo menos, quatro homens – dois eles vestidos com fardas policiais. O crime ficou conhecido como o Massacre do Dia de São Valentim e chocou a nação. Autoridades investigaram várias hipóteses e suspeitos, mas não tiveram grandes resultados. Houve, então, um enorme rumor que Capone, um rival de Moran, tinha planejado os assassinatos (ele estava na Flórida quando o massacre ocorreu). Contudo, ele nunca foi acusado nesse processo, que ficou inconclusivo.
5. O papel de Eliot Ness na queda de Capone foi exagerado
Graças ao livro de memórias do agente federal Eliot Ness, “The Untouchables” (“Os Intocáveis”), que gerou uma série de TV e um filme, ele tem sido creditado como o homem que derrubou Capone. Na verdade, grande parte do livro foi pavoneado por seu coautor, Oscar Fraley. Quando era agente da Lei Seca, Ness e um pequeno grupo de homens invadiu cervejarias ilegais e outros locais ligados às operações de contrabando de Capone nos arredores de Chicago. Já que os agentes supostamente se recusavam a receber propinas, eles foram chamados de Untouchables pela imprensa. Apesar de o trabalho de Ness ter ajudado a levar à acusação de Capone por violar a Lei Seca, em vez disso, o governo se focou em processar o mafioso por sonegação de impostos, e sua condenação em 1931 por essas acusações foi o que o mandou para a cadeia. Ness se tornou o diretor de segurança pública de Cleveland e teve uma candidatura malsucedida para a prefeitura da cidade. Seus últimos anos foram marcados pelo alcoolismo, e ele morreu em sua casa em Coudersport, na Pensilvânia, em 1957, ano em que “The Untouchables” foi publicado.
6. Capone foi condenado por fraude de impostos, mas não por assassinato
Embora ele controlasse um império do crime e ordenasse o assassinato de vários inimigos, Capone conseguiu evitar processos por anos a fio, ao subornar policiais e agentes públicos e ameaçar testemunhas. O chefe da máfia teve, finalmente, sua primeira condenação penal em maio de 1929, depois de ser preso por levar uma arma escondida à Filadélfia – na época, ele estava voltando a Chicago, após uma reunião com os chefões do crime organizado em Atlantic City, Nova Jersey – e rapidamente sentenciado a um ano de prisão. Ele foi solto em março de 1930, e um mês depois a Chicago Crime Comission divulgou sua primeira lista dos piores criminosos da cidade. Capone foi nomeado Inimigo Público Número 1.
Enquanto isso, sob ordens do presidente Herbet Hoover de apanhar Capone, o governo federal preparou um caso contra o chefe do crime por fraude nos impostos de renda, e, em junho de 1931, ele foi indiciado sob acusações de sonegação de impostos. Capone aceitou o pleito que incluía uma sentença de prisão sugerida de dois anos e meio. Porém, o juiz responsável pelo caso recusou a aceitar o acordo. Capone retirou sua confissão de culpa e o caso foi a julgamento. No início do processo de grande repercussão midiática, o juiz trocou a associação de possíveis jurados após saber que propinas tinham sido oferecidas em uma tentativa de colocar um júri amigável para Capone. Em outubro de 1931, um júri todo formado por homens (o estado de Illinois não permitia juradas femininas até 1939) considerou o gângster culpado de 5 acusações (3 crimes graves e 2 contravenções) das mais de 20 acusações contra ele. Capone foi sentenciado a 11 anos atrás das grades e multado em US$ 50 mil - foi a sentença mais severa cumprida por fraude de impostos até aquele momento.
7. Ele foi um dos primeiros prisioneiros federais de Alcatraz
Em maio de 1932, Capone, então com 33 anos, começou a cumprir sua sentença de sonegação fiscal na penitenciária de Atlanta. Dois anos depois, em agosto de 1934, ele e um grupo de companheiros de cela foram enviados em um trem para a Califórnia, e, depois, para o presídio federal recentemente aberto na Ilha de Alcatraz, na Baía de San Francisco. A prisão de segurança máxima, destinada a abrigar criminosos que eram especialmente violentos ou tinham outros problemas disciplinares, recebeu seu primeiro contingente de detentos federais no início daquele mesmo mês. Já que Capone não havia criado problemas em Atlanta, ele provavelmente foi mandado para Alcatraz como uma forma de o governo gerar marketing para sua unidade nova e tida como inescapável.
No seu período em Alcatraz, Capone, que havia sido diagnosticado com sífilis durante um exame médico na penitenciária de Atlanta, começou a mostrar sinais da doença, incluindo a demência. Conforme sua condição foi piorando, médicos o trataram com injeções de malária, na esperança de que as febres causadas por esse mal eliminassem a sífilis. Em vez disso, o tratamento foi quase fatal para Capone. Em janeiro de 1939, ele saiu de Alcatraz e foi transferido para a Federal Correctional Institution, em Terminal Island, próximo a Los Angeles, para cumprir sua sentença de um ano por contravenção.
8. Capone passou seus últimos anos longe dos holofotes
Capone foi solto em novembro de 1939 e foi submetido a vários meses de tratamento para a sífilis no hospital de Baltimore. Em seguida, o famoso gângster passou grande parte do seu tempo fora dos holofotes do público e da mídia, pescando e jogando baralho em Palm Island, na Flórida, em uma mansão que ele possuía desde 1928. Nos anos 40, foi uma das primeiras pessoas a receber tratamento de penicilina pela sífilis, embora já fosse muito tarde para curá-lo. Em janeiro de 1947, Capone, com 48 anos, sofreu um derrame e depois contraiu pneumonia. Ele morreu na sua casa, na Flórida, em 25 de janeiro. Capone foi enterrado no Mount Olivet Cemetery, próximo aos túmulos de seu pai e de um de seus irmãos. Em 1950, a família Capone pediu que os restos dos três fossem transferidos para o Mount Carmel Cemetery, em Hillside, Illinois.
Você sabia?
Durante a Grande Depressão, Al Capone abriu um dos primeiros sopões de Chicago.
Fonte: History.com
Imagem: United States Bureau of Prisons [Domínio Público] via Wikimedia Commons