Afinal, o termo "Black Friday" é racista?
Nos últimos tempos, diversas empresas brasileiras vêm repensando o uso da expressão "Black Friday", empregada para designar as liquidações que acontecem na última sexta-feira de novembro. Algumas companhias decidiram que não irão mais utilizar o termo pois ele teria conotações racistas. Mas qual é a origem dessa polêmica?
Na verdade, ninguém sabe ao certo como surgiu a expressão "Black Friday". Uma teoria diz que ela estaria relacionada à época da escravidão, quando os africanos cativos seriam comercializados a preço mais barato para os grandes proprietários de terra dos Estados Unidos na última sexta feira de novembro. Essa história foi desmentida por diversos serviços de checagem: não existe nenhuma evidência que a comprove.
De acordo com a American Dialect Society, entidade dedicada ao estudo da língua inglesa, o uso mais antigo da expressão é de 1951, quase um século após a abolição da escravatura nos EUA. Segundo checagem do site Snopes, naquela ocasião o termo “sexta-feira negra” foi usado para descrever a onda de faltas de trabalhadores que inventavam doenças para emendar o feriado de Ação de Graças (que cai na quarta quinta-feira de novembro) com o fim de semana.
Outras fontes, como o jornal Philadelphia Bulletin, apontam que a expressão era usada por policiais da Filadélfia nos anos 1960 para descrever o caos que ocorria nas ruas da cidade após o feriado de Ação de Graças. Como muitas pessoas saiam de casa para aproveitar as tradicionais promoções do dia seguinte, os guardas tinham que lidar com um aumento significativo de congestionamentos. Tanto nesse caso quanto no citado no parágrafo anterior, a expressão era usada para definir um dia de transtornos e confusão.
Mesmo que o termo não tenha origem comprovadamente racista, algumas empresas estão abandonando seu uso pois acreditam que ele pode ser problemático mesmo assim. "Há anos conversamos sobre a possível origem do termo 'Black Friday', sobre a ausência de dados científicos que comprovem que ele realmente não se relaciona à questão da escravatura. Então, respeitando os movimentos que sentem desconforto com o termo, decidimos parar de refletir e começar a agir - não teremos mais o termo Black Friday no Grupo Boticário", anunciou Artur Grynbaum, CEO da companhia, em seu perfil no LinkedIn.
Fontes: Estadão e Agência Lupa
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