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Amazônia abrigou campo de concentração para famílias japonesas na Segunda Guerra

Por History Channel Brasil em 12 de Setembro de 2020 às 11:32 HS
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Quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, imigrantes dos países do Eixo que viviam em terras brasileiras passaram a ser vistos com desconfiança. Em pouco tempo, alemães, italianos e japoneses passaram a ser perseguidos pelo governo, suspeitos de serem espiões. Além de não poderem se comunicar nos próprios idiomas, vários desses estrangeiros e seus descendentes chegaram a ser confinados em campos de concentração. Em um deles, na Amazônia, centenas de famílias vindas do Japão foram aprisionadas. 

Esse campo de concentração ficava onde atualmente se situa o município de Tomé-Açu, à beira do rio Acará, a 200 km de Belém, no Pará. A comunidade japonesa chegou à região em 1929, por meio da Companhia Nipônica de Plantação (Nantaku). Antes da Segunda Guerra, os imigrantes viviam basicamente do cultivo de hortaliças e arroz. 

Mas tudo mudou quando o Brasil entrou na guerra, em 1942. A partir daí, o governo decidiu criar campos de concentração para internar os imigrantes de países inimigos. Como  a comunidade japonesa do interior paraense era rodeada pela floresta amazônica e acessível somente por via fluvial, o local se mostrou ideal para sediar um desses campos.

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As cerca de 49 famílias de japoneses que já viviam na região foram considerados "prisioneiros de guerra". Além deles, outras famílias de imigrantes que viviam no Pará e até no Amazonas foram levadas para lá. Estima-se que cerca de 480 famílias de japoneses, 32 de alemães, além de alguns italianos ficaram em confinamento no local. Boa parte dessas pessoas veio de Belém. 

A colônia de imigrantes ficava isolada dentro do perímetro do campo de concentração de Tomé-Açu. As casas, o hospital e outras construções comunitárias eram subordinadas ao poder do Estado. Muitos dos imigrantes não eram obrigados a ficar reclusos em celas, porém também não tinham onde se alojar ou se alimentar. A vigilância e a segurança ficavam sob a responsabilidade de um destacamento militar.

Como o governo havia decretado o confisco de bens dos imigrantes, as autoridades brasileiras apreenderam livros, aparelhos de rádio, armas e embarcações dos prisioneiros. A comunicação deles com o mundo exterior era extremamente proibida. As pessoas presas no campo também não podiam se reunir. Vigilantes reprimiam grupos de mais de três japoneses que ousassem se agrupar. 

O campo de concentração de Tomé-Açu foi mantido até 1945. Com o fim da guerra, esse e outros locais semelhantes que funcionavam pelo Brasil foram extintos. Os ex-prisioneiros foram libertados e muitos deles tiveram que recomeçar a vida a partir do zero. A região só se recuperou economicamente após o conflito, quando, impulsionada pelos imigrantes japoneses, chegou a se tornar a maior produtora mundial de pimenta-do-reino.


Fonte: BBC Brasil

Imagens: Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil e Biblioteca Pública Arthur Vianna