Angkor Wat - O paraíso do sol nascente que apaixona todos que o conhecem
Ver o sol nasce atrás das cinco torres de Angkor Wat é algo que você definitivamente merece fazer antes de morrer. Ao passo que os primeiros raios se firmam no horizonte, o templo tem a sua imagem refletida no laguinho coberto de vitórias-régias e implora por ser fotografado à exaustão. O maior monumento religioso do mundo é “apenas” um. Ao seu redor, estão as ruínas de mais de mil edifícios sagrados construídos pelo poderoso Império Khmer nas proximidades do lago Tonle Sap, ao norte do Camboja. Em seu apogeu, entre 802 e 1220, a suntuosa cidade de Angkor foi a capital de um império que se estendia do Mianmar ao Vietnã, cobrindo grande parte do Sudeste Asiático. Além do famoso monumento que se conhece como Angkor Wat, é possível visitar outras dezenas de conjuntos de ruínas, cercados de florestas. A seguir, dez coisas que você precisa saber para que sua viagem até lá seja um sucesso:
1. Quanto tempo
Três dias é o tempo mínimo para conhecer os principais templos, que estão espalhados por uma área gigantesca (e também para justificar a viagem até um lugar tão remoto, certo?). As bilheterias vendem três tipos de entradas: de um dia (US$ 20), três dias (US$ 40) ou uma semana (US$ 60). Como o passe é pessoal e intransferível, você precisa de uma foto para emiti-lo.
2. Como chegar
Prepare-se para estar pelo menos 20 horas em trânsito. O caminho mais lógico é voar a Bangcoc, na vizinha Tailândia (via Doha ou Dubai) e, de lá, pegar um voo direto (pela empresa Bangkok Airways) até a cidade de Siem Reap. Também há voos diretos de outros hubs aéreos asiáticos, para onde é possível voar do Brasil com apenas uma escala: Hong Kong, Kuala Lumpur (na Malásia), Cingapura e Beijing (na China).
3. Onde se hospedar
A cidadezinha de Siem Reap é uma espécie de oásis turístico em meio ao Camboja, um dos países mais miseráveis do mundo. Há hospedagem para todos os bolsos, desde hotéis arrasa-quarteirão das marcas Oriente Express e Aman Resorts, a dezenas de pousadas boas e baratas. Siem Reap tem bons restaurantes spas e uma vidinha noturna aceitável, além de outras atrações interessantes, como um mercado vibrante, lojas de produtos de seda e templos budistas.
4. Quando ir
Eis uma questão altamente crucial. A melhor época para visitar o complexo arqueológico é de novembro a fevereiro, quando praticamente não chove e as temperaturas são um pouco mais amenas (algo em torno de 30˚C durante o dia). De março a maio, o calor fica mais agressivo, podendo chegar aos 40˚C, o que para mim, sinceramente, inviabiliza o programa. De junho a outubro, época de chuvas, a vegetação fica mais exuberante e a poeira das estradas (a grande desvantagem da época de seca) dá uma trégua. Em compensação, prepare-se para enfrentar grandes tempestades e muuuita lama.
5. O que ver
O grande destaque é Angkor Wat, o templo principal, tão impressionante que costuma ser comparado às pirâmides do Egito em termos de façanha humana (como aquilo tudo pode ter sido erguido sem máquinas?). Mas o conjunto tem outras grandes estrelas. Uma delas é o Ta Prohm, que ao longo de centenas de anos foi sendo “engolido” pelas raízes das árvores que o cercam, formando figuras insólitas. Se você viu o filme Lara Croft: Tomb Raider, vai reconhecê-lo no ato. Outra maravilha é o Bayon, apelidado de “templo das 216 faces” em alusão aos rostos gigantescos que exibe na fachada.
6. Como se locomover
Explorar o complexo a pé é um ato de bravura, devido ao calor e à poeira (ou à lama, dependendo da época do ano). Angkot Wat é o templo mais próximo a Siem Reap, a 7 quilômetros da cidade. Os demais exigem bem mais empenho e alguns, como o lindíssimo Banteay Srei, são longe de verdade (a 32 quilômetros de Siem Reap por estrada esburacada). O jeito mais confortável de se locomover é de van. E vale investir em uma “particular” (cerca de US$ 50 por dia) para poder fazer o que der na telha, sem participar das excursões empacotadas. Uma alternativa mais econômica e exótica é ir de tuk tuk (carrinho puxado por motos). Mas eles são mais lentos e você vai comer poeira até dizer chega – o meu também quebrou no meio do caminho, só pra constar.
7. Como curtir de bicicleta
Na época seca, visitar os templos mais próximos de Siem Reap de bicicleta (incluindo Angkor Wat e Bayon) pode ser um programão. Eu mesma, que tenho um preparo físico bem mixuruca, não tive nenhum problema, já que é tudo plano. Ainda assim, se repetisse a dose, prestaria mais atenção a alguns detalhes. Em primeiro lugar, teria alugado uma magrela decente, ao invés do cacareco que caiu em minhas mãos, que esteve a ponto de desmontar em plena estrada. Em segundo lugar, teria levado um lenço para proteger boca e nariz da poeira da estrada – menos mal que estava de óculos escuros. Em tempo: ir de bicicleta para ver o sol nascer é para os loucos, já que a estrada é absolutamente escura antes do amanhecer.
8. Como lidar com a “vida real” do Camboja
Como disse anteriormente, Siem Reap é uma espécie de oásis turístico no dramático Camboja. Mas isso não quer dizer que esteja isento aos absurdos contrastes sociais que caracterizam o país. A pobreza cruel rodeia a cidade e você vai ter que lidar com incontáveis pedintes e vendedores, insistentes, muitos deles crianças e vítimas de minas terrestres com membros amputados. Recomendo doçura, paciência e compaixão.
9. O que fazer antes ou depois
Pelas razões acima, o Camboja como um todo é um país para viajantes aventureiros. Suas atrações incluem praias bonitas, selva, templos, povoados tribais e uma capital caótica, Phnom Penh, que guarda as marcas do tenebroso passado sob a mão de ferro do Khmer Rouge. Para quem não pretende ir fundo no país, o melhor é conciliar a visita a Angkor Wat como um bate e volta de avião a partir da Tailândia ou do Vietnã, países muito mais amenos (e interessantes) com os quais o Camboja faz fronteira.
10. Como ver o sol nascer e morrer
O amanhecer é o programa clássico em Angkor. Ou seja, haverá bastante gente compartilhando este momento mágico com você: conforme-se. Dito isso, qualquer van, tuk tuk ou agência de excursões de Siem Reap faz esse programa, partindo da cidade às 5 da matina. Menos pop, o pôr do sol também é lindo em alguns templos. Este site genial, Sunset Finder, mapeou a região e lista os 34 melhores lugares do complexo para estar no fim da tarde.
Adriana Setti é jornalista, mora em Barcelona desde o ano 2000 e passa 4 meses por ano viajando pelo mundo. Suas passagens pelos 5 continentes rendem reportagens publicadas em diversas revistas brasileiras - como Viagem e Turismo, Claudia e Playboy - e em seu blog Achados no portal ViajeAqui. Siga @drisetti; no Twitter.
Imagem: via Wikimedia Commons |