Beber pouco é tão nocivo quanto beber muito
A ingestão de bebidas alcoólicas é um hábito na cultura atual, e por isso não é de se espantar que a ciência se incline a estudar suas causas e, principalmente, suas consequências para a saúde. Recentemente, duas pesquisas foram desenvolvidas a respeito deste assunto, com conclusões complementares.
Por um lado, cientistas da Harvard Medical School (HMS) coletaram dados de ecocardiogramas de 4.466 pessoas com idade em torno dos 70 anos e seu consumo de álcool. De acordo com os resultados, publicados na revista Circulation: Cardiovascular Imaging, nos homens, o consumo de mais de dois copos de álcool por dia provoca anomalias na estrutura e no funcionamento do coração. Para as mulheres, os mesmos problemas aparecem com um copo por dia.
Enquanto isso, os médicos e irmãos gêmeos Christopher e Alexander van Tulleken tomaram a quantidade de dois copos diários e fizeram um experimento baseado na variação dos efeitos no organismo de acordo com a forma como essa quantidade é ingerida. Um deles tomou, durante um mês, a mesma medida todos os dias, enquanto o outro bebeu a quantidade equivalente por um dia na semana. Depois de um mês, os testes médicos realizados para verificar o estado dos seus fígados demonstraram, para a surpresa dos cientistas, que o grau de deterioração era igual em ambos.
Este resultado coloca em discussão os guias de consumo de álcool do Reino Unido, que dizem que a ingestão de duas taças de vinho por dia é inofensiva, uma vez que as pesquisas recentes mostram que, na verdade, elas podem ser tão nocivas quanto uma grande intoxicação semanal.