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Caetano Veloso estaciona no Quilombo

Por History Channel Brasil em 07 de Dezembro de 2019 às 13:17 HS
Caetano Veloso estaciona no Quilombo-0

Por Thiago Gomide do Tá na História.

Parceria HISTORY e Ta Na História

O Leblon é um dos bairros mais caros do Brasil. Os apartamentos em frente à praia custam milhões. O autor de novelas Manoel Carlos lançou holofotes para o espaço, eternizando a personagem Helena. Recheado de famosos e paparazzi, qualquer lance é um clique.

Mas o Leblon vai muito além disso. O bairro que acabou de completar 100 anos foi importante para a resistência aos duros golpes da escravidão.

Caetano Veloso, que sabe como poucos estacionar um carro, escreveu:

“As camélias do quilombo do Leblon
(...)
As camélias da segunda abolição
Cadê elas?
(...)
As camélias da segunda abolição virão”.

O português José de Seixas Magalhães era empresário. Tinha uma fábrica de malas e sacos de viagem, na rua Gonçalves Dias, no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Os produtos eram famosos no Brasil e fora daqui. José de Seixas Magalhães era um homem rico. Um homem rico e abolicionista.

Na chácara dele, no hoje bairro do Leblon, havia escravos fugidos. Escravos que ajudavam o homem rico, branco, português no cultivo de camélias, planta símbolo da liberdade. Escravos que eram protegidos por José de Seixas Magalhães.

Membros da confederação abolicionista frequentavam o espaço conhecido como “quilombo leblond”.

Pra quem curte uma balada: as festas no quilombo leblond eram maravilhosas. Como se não houvesse outro dia.

13.03.1886. Sabe que data é essa? Aniversário de José de Seixas Magalhães.

As batucadas começaram cedinho. Escravos no comando. Bebida não faltava. Brindes a liberdade. Cantoria variada.

Quase um karaokê.

Pra você ver como foi bom o furdunço: altas horas da madruga e abolicionistas bêbados voltando cantarolando até a Gávea, onde pegaram o bonde de volta para suas residências.

A polícia, claro, sabia que aquele quilombo existia. Todo mundo sabia que aquele quilombo estava ali.

Várias batidas aconteceram. Mas não adiantava. José e a esposa dele conseguiam despistar, esconder, ajudar na resistência.

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Imagem: Revista Illustrada, de 1888. José de Seixas Magalhães entrega camélias para a princesa Isabel. Ilustração: Fundação Casa de Rui Barbosa/serviço de biblioteca

 


THIAGO GOMIDE é jornalista e pesquisador. Foi apresentador e editor do Canal Futura e da MultiRio, ambos dedicados à educação. Escreveu e dirigiu o documentário "O Acre em uma mesa de negociação". Além de ser o responsável pelo conteúdo do Tá na História, atualmente edita e apresenta o programa A Rede, na Rádio Roquette Pinto ( 94,1 FM - RJ). 

A proposta do Tá na História é oferecer conteúdos que promovam conhecimento sobre personagens e fatos históricos, principalmente do Brasil. Tudo isso, claro, com bom humor e muita curiosidade.